São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2010

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VINICIUS TORRES FREIRE

O gosto da vitória e derrotas úteis


Dilma agora vence em São Paulo, em Minas, no Sul, no interior do país e sobe cada vez mais entre lulistas

DESDE O início da campanha no rádio e na TV, José Serra (PSDB) perde cada vez mais votos para Dilma Rousseff (PT) entre os que consideram o governo Lula ótimo ou bom.
Parece um tanto óbvio, mas é a confirmação da hipótese de que, uma vez o presidente taumaturgo Lula fosse à TV dar seu toque sobrenatural em Dilma, votos incautos no tucano transmigrariam para a petista. Quem inadvertidamente ainda votava em Serra por desconhecer que "Dilma é a mulher de Lula" mudou de opinião ao ver os programas eleitorais na TV ou se ligar às discussões políticas suscitadas pelo início "pop" da campanha.
É o que se depreende da mais recente pesquisa Datafolha, publicada hoje nesta Folha. A distância entre Dilma e Serra aumentou pouco -de 17 para 20 pontos percentuais. A petista bate o tucano por 49% a 29% das intenções de voto. O que parece mais relevante, pois, é a informação de que, quanto mais eleitores assistem aos programas de TV, mais sabem que Dilma é a candidata do presidente considerado ótimo ou bom por 79% dos eleitores.
A parcela dos entrevistados que viram a campanha na TV foi de 34% para 39%. Os eleitores se dizem cada vez mais certos de sua escolha.
Quase tão lúgubre para o PSDB é a informação de que Serra perde até em São Paulo, Estado e capital, berço e encrave tucanos. Na pesquisa encerrada em 23 de julho, Serra batia Dilma por 44% a 30%. O levantamento fechado ontem deu Dilma por 41% a 36%.
Serra perde agora nas Minas Gerais de Aécio Neves, no Rio Grande do Sul, no Paraná. De julho para este final de agosto, a distância Dilma-Serra subiu de 5 pontos percentuais para 38 na Bahia; de 15 para 41 em Pernambuco. Perdeu ainda mais votos fora das capitais e regiões metropolitanas. Trata-se de uma invasão dilmista em todas as frentes; o centro da defesa serrista se rompeu.
Além de enfrentarem o sucesso popular do governo Lula, Serra e a oposição pagam a conta de oito anos de inércia política e intelectual, de inanidade programática e de descaso com bases partidárias e sociais, para não dizer mesmo demofobia, ojeriza ao povo.
Pela tendência da pesquisa e pela generalização dos reveses em quase todas as classes e regiões, a situação parece muito difícil, mesmo faltando um mês para votação, mesmo que um talho de cinco pontos nos votos de Dilma ainda leve a eleição para o segundo turno. Ainda que, hoje, Dilma vença Serra por 55% a 36% nesse eventual segundo turno, ressalte-se que a debandada e a desmobilização oposicionista seria um péssimo serviço ao país.
Eleição é um raro momento de debate e crítica amplos, por mais baixo que seja o nível da campanha, tal como o desta eleição vazia. O êxtase lulista parece cegar o país para vários problemas, em políticas sociais ou macroeconômicas.
Também muito importante, uma crítica bem-feita poderia ao menos limitar o excessivo à vontade da máquina governamental em suas intervenções politizadas, no mau sentido, em negócios e economia, em fusões de empresas, na capitalização politizada de uma estatal, na criação de estatais sem fundamento etc. O à vontade não para aí: ressalte-se a descoberta de outras ações criminosas de uma franja do petismo, que espiona sem cerimônia pessoas ligadas a Serra e ao PSDB.

vinit@uol.com.br


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