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Deficit das contas externas atinge maior valor desde o governo FHC
Remessas de lucros, viagens ao exterior e importações puxam resultado
Acumulado em 12 meses representa 2,4% do PIB; diferença é financiada por investimentos estrangeiros diretos
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
O resultado negativo nas
transações do Brasil com o
exterior atingiu no mês passado o maior valor na comparação com o PIB desde o final
do governo FHC.
Segundo dados do Banco
Central, o deficit acumulado
em 12 meses equivale a 2,4%
do PIB, maior patamar desde
setembro de 2002.
O resultado é puxado pelo
aumento de remessas de lucros, gastos com viagens ao
exterior e importações.
No ano, o deficit externo
cresceu 190% em relação ao
mesmo período de 2009 e soma US$ 35 bilhões.
Apesar dessa piora, o resultado negativo voltou a ser
financiado no mês passado
pelos investimentos estrangeiros diretos, aqueles direcionados ao setor produtivo.
O Brasil recebeu em setembro e outubro US$ 10 bilhões
em investimentos diretos,
um terço do esperado para
todo o ano. O total de 2010 é
de quase US$ 28 bilhões.
No mês passado, o Banco
Central havia revisto essa
previsão para baixo, pois vários investimentos estavam
sendo adiados por conta da
crise econômica na Europa e
nos Estados Unidos. Agora, a
instituição avalia rever a estimativa para cima.
Além de investimentos diretos, houve aumento no fluxo de recursos para o mercado de ações no Brasil.
Esses dois tipos de aplicação ficaram fora das medidas
anunciadas nas três últimas
semanas pelo governo para
segurar a queda do dólar,
que ficaram limitadas aos investimentos em renda fixa e
ao mercado futuro.
Os investimentos em
ações em setembro somaram
US$ 8 bilhões devido à oferta
de ações da Petrobras
-maior valor desde outubro
de 2009. Neste mês, o resultado caiu 50% em relação ao
anterior, mas já é o segundo
maior do ano, conforme o BC.
Já as aplicações em renda
fixa, que estão sendo tributadas com uma alíquota maior
de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) desde o início do mês, se mantêm dentro da média do ano.
A expectativa é que, até o
fim do mês, as aplicações em
ações e renda fixa superem
juntas os US$ 38 bilhões estimados para todo o ano.
Para Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper
Corretora, o problema nas
contas externas hoje não é o
tamanho do deficit ou o financiamento, mas sim os dados que mostram a perda da
competitividade do país por
conta da valorização do real.
Além disso, o governo tem
dificuldade em conciliar uma
política de juros altos para
segurar a inflação com a necessidade de reduzir a atratividade do país ao capital externo de curto prazo.
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