São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2010

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Deficit das contas externas atinge maior valor desde o governo FHC

Remessas de lucros, viagens ao exterior e importações puxam resultado

Acumulado em 12 meses representa 2,4% do PIB; diferença é financiada por investimentos estrangeiros diretos

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O resultado negativo nas transações do Brasil com o exterior atingiu no mês passado o maior valor na comparação com o PIB desde o final do governo FHC.
Segundo dados do Banco Central, o deficit acumulado em 12 meses equivale a 2,4% do PIB, maior patamar desde setembro de 2002.
O resultado é puxado pelo aumento de remessas de lucros, gastos com viagens ao exterior e importações.
No ano, o deficit externo cresceu 190% em relação ao mesmo período de 2009 e soma US$ 35 bilhões.
Apesar dessa piora, o resultado negativo voltou a ser financiado no mês passado pelos investimentos estrangeiros diretos, aqueles direcionados ao setor produtivo.
O Brasil recebeu em setembro e outubro US$ 10 bilhões em investimentos diretos, um terço do esperado para todo o ano. O total de 2010 é de quase US$ 28 bilhões.
No mês passado, o Banco Central havia revisto essa previsão para baixo, pois vários investimentos estavam sendo adiados por conta da crise econômica na Europa e nos Estados Unidos. Agora, a instituição avalia rever a estimativa para cima.
Além de investimentos diretos, houve aumento no fluxo de recursos para o mercado de ações no Brasil.
Esses dois tipos de aplicação ficaram fora das medidas anunciadas nas três últimas semanas pelo governo para segurar a queda do dólar, que ficaram limitadas aos investimentos em renda fixa e ao mercado futuro.
Os investimentos em ações em setembro somaram US$ 8 bilhões devido à oferta de ações da Petrobras -maior valor desde outubro de 2009. Neste mês, o resultado caiu 50% em relação ao anterior, mas já é o segundo maior do ano, conforme o BC.
Já as aplicações em renda fixa, que estão sendo tributadas com uma alíquota maior de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) desde o início do mês, se mantêm dentro da média do ano.
A expectativa é que, até o fim do mês, as aplicações em ações e renda fixa superem juntas os US$ 38 bilhões estimados para todo o ano.
Para Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, o problema nas contas externas hoje não é o tamanho do deficit ou o financiamento, mas sim os dados que mostram a perda da competitividade do país por conta da valorização do real.
Além disso, o governo tem dificuldade em conciliar uma política de juros altos para segurar a inflação com a necessidade de reduzir a atratividade do país ao capital externo de curto prazo.


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