São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2011

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Governo decide congelar fusões na saúde

Conselho de defesa econômica se preocupa com 20 operações nos últimos 3 anos, 7 envolvendo a mesma empresa

Diagnóstico é que aumento de concentração deixa consumidores, médicos e hospitais sem opção

LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA

O governo está preocupado com as sucessivas compras de hospitais, laboratórios e empresas menores por operadoras de plano de saúde, o que tem elevado a concentração no setor.
Chamaram a atenção das autoridades reguladoras principalmente as movimentações envolvendo a Amil. De cerca de 20 operações incluindo planos de saúde nos últimos três anos, ao menos 7 foram feitas pela empresa. Há o temor de que poucas empresas fiquem "grandes demais", diminuindo a concorrência no setor e deixando consumidores, médicos e hospitais sem opção.
Por causa disso, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vai congelar algumas operações até que elas sejam analisadas definitivamente pelo órgão.
A primeira delas será a compra da rede de laboratórios Dasa pela MD1, empresa controlada pela Amil. O conselho deverá firmar com as empresas, na reunião de hoje, acordo prevendo que os dois negócios sejam mantidos separados até a análise final do órgão.
Em julho, a procuradoria do Cade chegou a pedir que fosse adotada uma medida cautelar obrigando a separação das operações, mas o relator do processo, conselheiro Ricardo Ruiz, preferiu dar mais prazo para que os dois lados chegassem a um consenso.
Negociações semelhantes estão em curso também no caso da compra da Medial pela Amil. Parecer da Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico) pediu que o conselho determine a venda de ativos da Medial em São Paulo para dar o aval ao negócio. Não há prazo para que o acordo seja firmado.

ESTUDOS
Por conta do aumento de operações nesse mercado, o Cade pediu ajuda à ANS (Agência Nacional de Saúde), que está estudando o mercado para levantar o tamanho do problema.
Segundo o diretor da agência Bruno Sobral, a compra de hospitais e laboratórios por operadoras de plano de saúde pode trazer benefícios ao reduzir custos e integralizar as operações, mas é preciso saber até onde vão esses efeitos. "Isso não vai ser positivo se tiver uma só prestadora com poder de mercado para deter o único hospital de uma determinada região", afirma.
Para Luiz Delorme Prado, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e ex-conselheiro do Cade, a formação de cadeias integradas nesse setor pode ser prejudicial à concorrência.
"As opções para o consumidor ficam muito restritas. O ideal é que você tenha um sistema em que ele possa escolher onde ser atendido", afirmou.
Procurada, a Amil não se pronunciou.


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