São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2011

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Leilão pode ter só energia cara e poluente

De 8 hidrelétricas inscritas, 2 têm licença do Ibama, mas podem não entregar proposta

SOFIA FERNANDES
DE BRASÍLIA

O leilão de energia nova, marcado para 20 de dezembro, corre o risco de não contratar hidrelétrica e lançar mão de empreendimentos mais caros, como parques eólicos, e mais poluentes, como usinas térmicas a gás.
Das oito hidrelétricas inscritas e com chances de participar, apenas duas têm licença prévia ambiental do Ibama, e mesmo assim correm risco de não apresentar propostas, como antecipou a Folha. As duas licenças foram ainda questionadas pelo Ministério Público.
O presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Maurício Tolmasquim, afirmou ontem que os preços do leilão, que vai contratar energia de empreendimentos a partir de 2016, podem ser mais elevados por vários contratempos com as usinas hidrelétricas. O incidente mais grave ocorreu com o "carro-chefe" do leilão, a usina de São Manoel, no rio Teles Pires (700 MW de potência instalada), entre o Pará e Mato Grosso.
Há uma semana, sete funcionários da Funai e da EPE, que visitavam a região para explicar o projeto da usina, foram capturados pelos índios das etnias munduruki, kayabi e apiaká, contrários ao empreendimento. Eles já foram libertados.
Os ministérios públicos federais de Mato Grosso e do Pará pediram e a Justiça Federal concedeu liminar determinando que o estudo e o relatório de impacto ambiental da usina sejam traduzidos para o idioma das etnias locais, o que deve alongar o processo de licenciamento.
Segundo Tolmasquim, ainda há chance de obter as licenças, mas o tempo está curto. "Esse já é um cenário que estou vendo com certo cuidado porque nos últimos dias houve contratempos com uma dessas usinas", disse.
Sobre a liminar, Tolmasquim afirma acreditar no "bom senso". Há três etnias no local, cada uma com uma língua própria, que usam o português para se comunicar entre si, o que desmotivaria a liminar, alega.

SEM ATRITOS
O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) disse que contratempos dessa natureza são relativamente comuns no setor e descartou atritos com o setor ambiental.
"Isso é um novo tipo de percalço, que põe dificuldade. Mas vamos em frente. O Ibama melhorou muito suas avaliações. Eu mesmo tive atritos muito grandes com o ambiente, que agora já não tenho", afirmou.


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