São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Alta do IPI acelera investimento de montadora chinesa no Brasil

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

A decisão do governo de elevar o IPI para forçar a produção de carros no Brasil começa a dar resultados. A Chery, montadora chinesa, anunciou ontem, em São Paulo, a meta de antecipar a produção no país.
A fábrica de US$ 400 milhões será construída na cidade de Jacareí (SP). O objetivo do grupo chinês a partir de agora é iniciar a produção local em dois anos, se possível ainda no primeiro semestre de 2013.
Em teleconferência, ontem, o presidente da Chery internacional, Zhou Biren, foi direto ao ponto: "O aumento de IPI vai afetar o mercado como um todo. Vamos tentar antecipar a produção. Se o nosso executivo aí não conseguir, nem precisa voltar para a China". O prazo para instalação da fábrica já era considerado "apertado" pelo principal executivo da marca no Brasil, Luís Curi. Excluído o tom jocoso da frase de Biren, a declaração reafirma decisão da Chery de produzir no país.
O investimento não ocorrerá "apesar", mas sobretudo "por causa" do IPI. Isso pode dar argumentos ao governo na defesa da medida. O único problema para a Chery é o índice de nacionalização. A marca quer escaloná-lo. A proposta apresentada ao governo é a de iniciar com 40% ou 45% em itens nacionais no primeiro ano de produção, até atingir os 65% em até quatro anos.
Pela regra atual, a montadora teria de iniciar a produção com 65%. "Não tememos uma taxa de nacionalização alta. Queremos só mais tempo para alcançá-la", disse.
O presidente da Chery internacional apelou a uma metáfora. A fábrica no Brasil é mais um "bebê", o que exigiria do governo certo esmero para que vingue. Contrário às montadoras já instaladas, classificadas por ele como "adolescentes", cujo trato já não demanda tanta atenção.
É uma metáfora que tem apelo e que deverá ser usada hoje no encontro que a Chery tem com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Um grupo de executivos da Chery está no Brasil para definir os fornecedores que poderão dar o índice pedido pelo Estado brasileiro. A Chery sabe que isso lhe ajudará.
"Nacionalizar não é um tema apenas para atender às exigências do governo, mas é algo que tem relação com os nossos custos", disse.


Texto Anterior: Governo promete endurecer norma para carro nacional
Próximo Texto: Carrefour deve vender 5 lojas no interior
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.