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commodities
Setor de ferro-gusa se une contra crise
Empresas do Maranhão e Pará vendem 147 mil toneladas à China, no primeiro grande embarque desde 2008
Estratégia de fechar grande navio reduziu custo de frete; setor ainda opera com 30%
da capacidade instalada
Divulgação/Agência Vale
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Pátio de estocagem de ferro-gusa do porto de Ponta da Madeira (MA); Vale cedeu píer em terminal privativo para usinas
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
O Brasil fará o maior embarque de ferro-gusa da história na próxima semana -o
gusa é um metal obtido no
processo de transformação
do minério de ferro em aço.
Cinco empresas do chamado "sistema norte" de produção enviarão um navio com
147 mil toneladas de gusa à
China -destino também inédito para essas usinas.
Mas não foi a expansão
das atividades que levou as
médias empresas maranhenses Viena, Gusa Nordeste,
Margusa e Fergumar, além
da paraense Sidepar, a esse
novo desafio. Pelo contrário,
elas se uniram para sobreviver no mercado.
Desde a crise de 2008, as
usinas de gusa do Norte do
país praticamente não exportam. Altamente dependentes
dos EUA, elas tiveram contratos quebrados na época e
ainda não conseguiram retomar os embarques.
Com as grandes siderúrgicas brasileiras atendidas pelas usinas do "sistema sul"
(Minas Gerais, Espírito Santo
e Mato Grosso) e um alto custo de frete para exportar aos
países da Ásia, o nível de atividade caiu drasticamente.
Dos 40 altos-fornos (onde
é produzido o gusa) instalados no Pará e Maranhão, hoje apenas 16 estão ligados e
operam apenas com metade
de sua capacidade instalada.
"Com o acesso ao mercado
asiático viável, vemos uma
luz no fim do túnel", afirma
Claudio Azevedo, presidente
do Sifema (Sindicato das Empresas de Ferro-Gusa do Maranhão).
O embarque das 147 mil toneladas só será possível graças a uma parceria das usinas com a Vale, principal fornecedora de minério de ferro
para essas empresas.
Como os outros portos da
região não têm porte para a
atracação de um navio "capesize", como o que levará o
gusa à China, a Vale cedeu o
píer II do porto privativo de
Ponta da Madeira, em São
Luís (MA), para as usinas.
A estratégia resultou em
uma economia de US$ 20
(R$ 34,40) por tonelada
transportada. "Essa parceria
entre as usinas para embarcar uma carga maior é o modelo a ser seguido para o setor retomar suas atividades",
diz o presidente do Sifema.
A CRISE CONTINUA
A forte queda de demanda
apresentada pelas siderúrgicas americanas não é o único
problema enfrentado pelos
produtores de ferro-gusa.
A valorização do real e a alta do preço do minério de ferro prejudicam a rentabilidade das usinas e contribuem
para a ociosidade do setor,
que hoje opera com cerca de
30% da capacidade instalada, segundo Azevedo.
Em Minas Gerais, responsável por 60% da produção
de ferro-gusa do país, as usinas trabalham com metade
da capacidade histórica, apesar de também fornecerem o
produto para as siderúrgicas
do mercado interno.
"O baixo preço da sucata,
comparado ao gusa, diminuiu o interesse das siderúrgicas pelo produto", diz Paulino Cícero, do Sindifer (sindicato da indústria do ferro
de Minas). Na produção de
aço, o gusa pode ser substituído em parte por sucata.
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