São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Museu de tudo

Conheça a casa de 4.100 m2 em que o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira viveu no Morumbi até ser despejado por falta de pagamento na última semana; imóvel deve ir a leilão por R$ 80 milhões, segundo a avaliação inicial de peritos

Fotos Moacyr Lopes Jr./Folhapress
SOL LEWITT
Pintura do artista conceitual norte-americano aplicada sobre a parede do hall de entrada da casa de Edemar

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

A conta de luz bate nos R$ 30 mil. Quando a casa estava no auge, os empregados chegavam a 54. Para esquentar a água das duas piscinas e manter quente o piso de mármore para quem sai da água, há uma caldeira com 35 mil litros de óleo diesel.
É assim que funcionava a casa do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira. A Folha foi o primeiro jornal a visitar o imóvel após o ex-banqueiro ser despejado na última semana pelo juiz Régis Rodrigues Bonvicino. A visita foi autorizada pela Justiça.
A casa de 4.100 m2 no Morumbi, na zona sul de São Paulo, parece um museu de tudo. Há esculturas fenícias, busto romano, pórtico barroco, cartas do escritor Émile Zola, obras de modernistas brasileiros como Brecheret e Di Cavalcanti e alguns dos mais famosos pintores americanos e europeus dos anos 60 e 80 -um arco que vai de Robert Rauschenberg, um dos criadores da pop arte, a Sandro Chia, pintor italiano da transvanguarda, que defendia a volta da pintura.
A casa projetada pelo arquiteto Ruy Ohtake deve ir a leilão assim que o Tribunal de Justiça de São Paulo julgar um recurso de Edemar.
O lance inicial deve girar em torno de R$ 80 milhões, segundo as avaliações iniciais feita por peritos, conforme a Folha apurou.
O dinheiro arrecadado será usado para cobrir o rombo que o banco deixou, de R$ 2,2 bilhões. O lance mínimo não cobre os valores gastos por Edemar para construir a casa -a obra consumiu R$ 142,7 milhões, segundo documentos de uma auditoria revelados pela Folha em 2005.
Do rombo de R$ 2,2 bilhões, cerca de R$ 900 milhões foram levantados por Vânio Aguiar, administrador da massa falida do banco.
Não só o imóvel e as obras de arte são valiosas. A sala de jantar concentra alguns dos itens mais caros do mobiliário. Uma mesa de mogno do século 18, com cerca de oito metros de comprimento, foi comprada por Edemar por US$ 390 mil (o equivalente hoje a R$ 652 mil). A luminária que se estende sobre essa mesa, do designer alemão Ingo Maurer, custou € 262,5 mil (R$ 600 mil hoje).
Edemar, que recorre em liberdade da condenação a 21 anos de prisão, agora vive no flat com a mulher. Antes de ir embora, a brigada fora reduzida a quatro funcionários. Procurado, seu advogado não foi encontrado.

FOLHA.com

Veja imagens da casa do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira
folha.com.br/me866284


Texto Anterior: E eu com isso: Selic é só parte da taxa final
Próximo Texto: Davos coloca o capitalismo no divã
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.