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Telefónica ameaça Portugal Telecom
Espanhóis querem adquirir operadora portuguesa com oferta hostil para assumir controle acionário da Vivo
Portugueses negaram oferta de 5,7 bi da Telefónica, que quer ficar com os 30% da PT na operadora brasileira
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
A Telefónica ameaçou
comprar a PT (Portugal Telecom) caso ela não aceite a
oferta de 5,7 bilhões pela
participação portuguesa na
Vivo, líder da telefonia celular no Brasil.
É o que afirmou ontem o
vice-presidente financeiro da
Telefónica, Santiago Valbuena. Segundo ele, a aquisição
ocorreria por meio de uma
oferta hostil (OPA) aos acionistas da PT.
Os espanhóis também disseram que poderão "congelar" a distribuição de dividendos da Vivo. Na próxima
reunião de acionistas, poderão votar para que os lucros
sejam reinvestidos na operadora, e não distribuídos.
PT e Telefónica são sócias
na Vivo há nove anos com
30% de participação cada
uma. O restante das ações está pulverizado no mercado.
"A tentativa de chantagem
sobre a distribuição de dividendos da Vivo não nos intimida e é inaceitável", disse o
presidente da PT, Zeinal Bava, que recusou a oferta da
Telefónica há 16 dias.
Os espanhóis também detêm 10% da própria PT. Após
as declarações de Valbuena,
Bava, da PT, pediu que ele
deixasse o conselho da operadora portuguesa por "conflito de interesses".
"Ele descumpriu seus deveres de lealdade com a PT",
disse Bava. "Ele tem de fazer
a coisa certa. E a coisa certa é,
com certeza, sair do conselho
de administração."
A CMVM, órgão que regula
o mercado de capitais português, já pediu esclarecimentos à Telefónica.
ANTECEDENTES
A disputa pela Vivo é um
reflexo das mudanças no setor de telecomunicações, que
caminha para a convergência (traduzida pela oferta de
pacotes combinados de telefonia fixa, móvel, internet e
TV por assinatura).
Devido ao imbróglio acionário com a PT, a Telefónica
não consegue lançar o seu
"quatro em um".
O acirramento nas relações entre as duas operadoras começou há 16 dias,
quando a Telefónica enviou à
PT sua proposta para adquirir o controle da Vivo.
A proposta foi negada um
dia após ter sido apresentada. Em seguida, Bava deu início a uma série de viagens para dar explicações aos principais acionistas da PT.
Por ser a maior acionista
da PT, a Telefónica deu início
a um contra-ataque. Primeiro, decidiu visitar os mesmos
investidores para atestar que
sua proposta é positiva.
A Folha teve acesso ao documento. Nele os espanhóis
afirmam que, sem a Vivo, a
PT continuaria exibindo
margens de lucro em padrões
atuais até 2013.
Os portugueses contestam
dizendo que, em médio prazo, os ganhos da PT com a Vivo seriam maiores do que se
ela ficasse com a Telefónica.
Hoje, a Vivo representa 46%
da receita da PT.
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