São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2010

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Telefónica ameaça Portugal Telecom

Espanhóis querem adquirir operadora portuguesa com oferta hostil para assumir controle acionário da Vivo

Portugueses negaram oferta de 5,7 bi da Telefónica, que quer ficar com os 30% da PT na operadora brasileira

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

A Telefónica ameaçou comprar a PT (Portugal Telecom) caso ela não aceite a oferta de 5,7 bilhões pela participação portuguesa na Vivo, líder da telefonia celular no Brasil.
É o que afirmou ontem o vice-presidente financeiro da Telefónica, Santiago Valbuena. Segundo ele, a aquisição ocorreria por meio de uma oferta hostil (OPA) aos acionistas da PT.
Os espanhóis também disseram que poderão "congelar" a distribuição de dividendos da Vivo. Na próxima reunião de acionistas, poderão votar para que os lucros sejam reinvestidos na operadora, e não distribuídos.
PT e Telefónica são sócias na Vivo há nove anos com 30% de participação cada uma. O restante das ações está pulverizado no mercado.
"A tentativa de chantagem sobre a distribuição de dividendos da Vivo não nos intimida e é inaceitável", disse o presidente da PT, Zeinal Bava, que recusou a oferta da Telefónica há 16 dias.
Os espanhóis também detêm 10% da própria PT. Após as declarações de Valbuena, Bava, da PT, pediu que ele deixasse o conselho da operadora portuguesa por "conflito de interesses".
"Ele descumpriu seus deveres de lealdade com a PT", disse Bava. "Ele tem de fazer a coisa certa. E a coisa certa é, com certeza, sair do conselho de administração."
A CMVM, órgão que regula o mercado de capitais português, já pediu esclarecimentos à Telefónica.

ANTECEDENTES
A disputa pela Vivo é um reflexo das mudanças no setor de telecomunicações, que caminha para a convergência (traduzida pela oferta de pacotes combinados de telefonia fixa, móvel, internet e TV por assinatura).
Devido ao imbróglio acionário com a PT, a Telefónica não consegue lançar o seu "quatro em um".
O acirramento nas relações entre as duas operadoras começou há 16 dias, quando a Telefónica enviou à PT sua proposta para adquirir o controle da Vivo.
A proposta foi negada um dia após ter sido apresentada. Em seguida, Bava deu início a uma série de viagens para dar explicações aos principais acionistas da PT.
Por ser a maior acionista da PT, a Telefónica deu início a um contra-ataque. Primeiro, decidiu visitar os mesmos investidores para atestar que sua proposta é positiva.
A Folha teve acesso ao documento. Nele os espanhóis afirmam que, sem a Vivo, a PT continuaria exibindo margens de lucro em padrões atuais até 2013.
Os portugueses contestam dizendo que, em médio prazo, os ganhos da PT com a Vivo seriam maiores do que se ela ficasse com a Telefónica. Hoje, a Vivo representa 46% da receita da PT.


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