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Classes A e B financiam mais imóveis
Com juro e prazo favoráveis, cresce uso de crédito em residência acima de R$ 500 mil; cliente prefere manter aplicações
Financiamento para imóvel com valor acima
de R$ 500 mil na Cyrela,
por exemplo, ficou dez
vezes maior em 3 anos
CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO
Depois que a mulher engravidou, Renato Tomei, 35,
piloto de avião, precisava
embarcar na compra de um
apartamento maior.
Aquele onde o casal morava tinha 100 m2, mas só uma
suíte. A ideia era encontrar
um com mais quartos.
O escolhido fica em um
condomínio no Brooklin, zona sul de São Paulo. São 143
m2, no valor de R$ 800 mil.
"Financiamos R$ 400 mil
em dez anos e a intenção era
amortizar essa dívida depois
da venda do imóvel anterior,
avaliado em R$ 610 mil", afirma Tomei.
Mas os planos mudaram.
"Com a boa taxa de juros que
conseguimos (9,7% ao ano),
decidimos manter o financiamento e investir o dinheiro
da venda", revela o piloto.
Esse tipo de decisão tem se
tornado mais comum entre
os compradores de imóveis
acima de R$ 500 mil, de acordo com construtoras, imobiliárias e bancos.
Com juros menores e mais
prazo para pagar, os consumidores das classes A e B
passam a enxergar o crédito
imobiliário como estratégia
financeira.
MANTER APLICAÇÕES
"Esse tipo de crédito costumava ser atrelado à necessidade, e não à oportunidade.
Hoje, muitos clientes nossos
que podem comprar à vista
imóveis acima desse valor
preferem manter as aplicações e fazer um financiamento", diz Max Basile, superintendente de produtos pessoa
física do Citi.
A construtora Cyrela viu o
volume de financiamentos
desembolsado na compra de
imóveis acima de R$ 500 mil
ficar quase dez vezes maior
entre 2006 e o ano passado:
passou de R$ 65 milhões para
R$ 700 milhões.
Luis Largman, diretor de
relações com investidores da
empresa, ressalta que o Brasil "rompeu uma inércia em
relação ao financiamento
imobiliário".
Ele aposta que o uso desse
tipo de crédito continuará
crescendo nos próximos cinco anos, assim como os preços e a quantidade de imóveis. "Há uma demanda reprimida muito grande."
Ainda no segmento de
construção, a Tecnisa diz que
as vendas de imóveis acima
de R$ 500 mil com financiamento bancário eram quase
nulas há três anos e hoje representam 90% dos negócios. Na Brookfield, a fatia
passou de 10% a 20% em
2008 para 60% agora.
FINANCIAMENTO DIRETO
"Antigamente, as próprias
construtoras tinham de financiar os imóveis para conseguir vender porque os bancos não faziam. Hoje, o financiamento direto não é mais
uma prática", diz Luiz Rogélio Tolosa, diretor-executivo
de relações institucionais da
Brookfield Incorporações.
Na Gafisa, o financiamento bancário, considerando
todas as faixas de preços de
imóveis, passou de 16% em
2005 para 82% em 2009.
"As compras de unidades
acima de R$ 500 mil contribuíram para isso. Os clientes
estão bem mais confiantes. A
economia está estabilizada, e
o emprego, crescendo", diz
Duílio Calciolari, diretor financeiro da empresa.
"Nesse cenário, a idade
média do comprador do imóvel nessa faixa de preço baixou de 40 a 45 anos para entre 30 e 35 anos. São jovens
com maior capacidade de endividamento", afirma Cyro
Naufel, diretor de atendimento da imobiliária Lopes.
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