São Paulo, domingo, 27 de junho de 2010

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mercado em cima da hora

G20 evita ditar regras aos países sobre recuperação

Cúpula é marcada por pressões por corte de gastos, de um lado, e por manutenção de estímulos, de outro

Expectativa é de que boa parte das decisões práticas seja deixada para a próxima cúpula, em novembro, em Seul

ANDREA MURTA
ENVIADA ESPECIAL A TORONTO

Em encontro marcado por pressões pelo corte de gastos públicos, de um lado, e pela manutenção de estímulos econômicos, de outro, a cúpula do G20 termina hoje em Toronto sem ditar regras aos países sobre como investir na recuperação.
A declaração final deve sair no fim desta tarde.
Os líderes tentavam evitar a impressão de divisão, pois a unidade do G20 (21 maiores economias do mundo mais a União Europeia) foi crucial para acalmar os mercados nas três cúpulas ocorridas desde novembro de 2008.

Um rascunho de documento final da reunião mostrava o grupo concordando em cortar deficits pela metade até 2013 e estabilizar a dívida como percentagem do PIB até 2016.

Fontes envolvidas na negociação sugeriram que não haverá recomendações específicas aos países no texto.
Em vez disso, o grupo deve concordar na necessidade de reduzir o deficit enquanto permitem que os governos escolham o ritmo mais adequado a suas realidades.

DESCOMPASSO
Apesar do descompasso, é um avanço em relação às posições iniciais.
Antes do encontro, EUA, Brasil e outros mantinham a defesa da continuidade do investimento público a médio prazo.
Esses países estavam temerosos da desaceleração e alertavam contra focar nos deficits e retirar os estímulos rapidamente (como queriam os países europeus).

Em vez de a visão de apenas um grupo prevalecer, antes mesmo do início do G20 em Toronto ontem líderes das principais economias reunidos no G8 pareciam concordar em um caminho intermediário.

EUROPEUS
A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou na sexta-feira que havia grande concordância de que as duas vertentes de resposta não eram excludentes.
Europeus, liderados por Alemanha e Reino Unido, insistiam antes do encontro em que o maior risco agora é o crescimento dos deficits e que os estímulos deveriam continuar só no curto prazo.
"A Europa concordou que chegou a hora de estratégias para sair [de estímulos]", disse na sexta o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. "Não há mais lugar para deficit."


DECISÕES
Boa parte das decisões práticas deve acabar relegada ao próximo encontro do G20, que ocorre em novembro em Seul (Coreia do Sul).
Para a analista Heather Conley, do Centro para Estudos Estratégicos Internacionais, os líderes "encontrarão palavras habilidosas para sugerir que continuam trabalhando nos temas". "Não alcançamos acordo", diz.
Ela crê que esta cúpula é mais um prelúdio da próxima do que qualquer outra coisa. "Não diremos aqui, OK, saímos da tempestade. Vamos dizer que estamos em posições diferentes e precisamos manter o progresso."
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi à cúpula. O argumento do governo é de que ele vai acompanhar no Brasil o apoio a moradores de Alagoas e Pernambuco atingidos pelas chuvas.


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