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mercado em cima da hora
G20 evita ditar regras aos países sobre recuperação
Cúpula é marcada por pressões por corte de gastos, de um lado, e por manutenção de estímulos, de outro
Expectativa é de que boa parte das decisões práticas seja deixada para a próxima cúpula, em novembro, em Seul
ANDREA MURTA
ENVIADA ESPECIAL A TORONTO
Em encontro marcado por
pressões pelo corte de gastos
públicos, de um lado, e pela
manutenção de estímulos
econômicos, de outro, a cúpula do G20 termina hoje em
Toronto sem ditar regras aos
países sobre como investir na
recuperação.
A declaração final deve
sair no fim desta tarde.
Os líderes tentavam evitar
a impressão de divisão, pois
a unidade do G20 (21 maiores
economias do mundo mais a
União Europeia) foi crucial
para acalmar os mercados
nas três cúpulas ocorridas
desde novembro de 2008.
Um rascunho de documento final da reunião mostrava o grupo concordando
em cortar deficits pela metade até 2013 e estabilizar a dívida como percentagem do
PIB até 2016.
Fontes envolvidas na negociação sugeriram que não
haverá recomendações específicas aos países no texto.
Em vez disso, o grupo deve
concordar na necessidade de
reduzir o deficit enquanto
permitem que os governos
escolham o ritmo mais adequado a suas realidades.
DESCOMPASSO
Apesar do descompasso, é
um avanço em relação às posições iniciais.
Antes do encontro, EUA,
Brasil e outros mantinham a
defesa da continuidade do
investimento público a médio prazo.
Esses países estavam temerosos da desaceleração e
alertavam contra focar nos
deficits e retirar os estímulos
rapidamente (como queriam
os países europeus).
Em vez de a visão de apenas um grupo prevalecer, antes mesmo do início do G20
em Toronto ontem líderes
das principais economias
reunidos no G8 pareciam
concordar em um caminho
intermediário.
EUROPEUS
A chanceler alemã, Angela
Merkel, afirmou na sexta-feira que havia grande concordância de que as duas vertentes de resposta não eram excludentes.
Europeus, liderados por
Alemanha e Reino Unido, insistiam antes do encontro em
que o maior risco agora é o
crescimento dos deficits e
que os estímulos deveriam
continuar só no curto prazo.
"A Europa concordou que
chegou a hora de estratégias
para sair [de estímulos]", disse na sexta o presidente da
Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. "Não há
mais lugar para deficit."
DECISÕES
Boa parte das decisões
práticas deve acabar relegada ao próximo encontro do
G20, que ocorre em novembro em Seul (Coreia do Sul).
Para a analista Heather
Conley, do Centro para Estudos Estratégicos Internacionais, os líderes "encontrarão
palavras habilidosas para sugerir que continuam trabalhando nos temas". "Não alcançamos acordo", diz.
Ela crê que esta cúpula é
mais um prelúdio da próxima do que qualquer outra
coisa. "Não diremos aqui,
OK, saímos da tempestade.
Vamos dizer que estamos em
posições diferentes e precisamos manter o progresso."
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva não foi à cúpula. O argumento do governo é
de que ele vai acompanhar
no Brasil o apoio a moradores de Alagoas e Pernambuco
atingidos pelas chuvas.
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