São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2010

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Fatura do cartão deve ser toda quitada

Para fugir do juro alto, quem não consegue pagar tudo deve negociar parcelas ou tomar empréstimo mais barato

Professores de finanças recomendam controle em "tempo real" das despesas com plástico para evitar surpresas

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

Fonte de crédito rápido e sem burocracia, o cartão de crédito se dissemina velozmente pelo país. Exatamente por fornecer dinheiro instantâneo, no entanto, é também o meio de pagamento que embute os maiores juros.
Os limites de crédito alto e a possibilidade de pagar apenas uma parte da fatura, empurrando o restante para o próximo mês, criam armadilhas para um endividamento descontrolado.
Para Márcio Rodrigues, professor de finanças da Investeducar, a primeira medida para não gastar além da conta no cartão é ter controle constante das despesas.
Ele aconselha que o consumidor consulte com frequência seu extrato on-line no site do banco. Outra opção é guardar os comprovantes de compra e depois registrar os gastos numa planilha.
"É preciso ter noção, em tempo real, de quanto está sendo gasto. Quem não faz esse acompanhamento acaba se surpreendendo depois com a fatura", observa.
Rodrigues também orienta o usuário do cartão a não se guiar pelo limite de crédito, que costuma ser muito alto.
Segundo ele, o consumidor deve estabelecer um limite próprio, de acordo com sua capacidade de gastos, e ultrapassá-lo apenas no caso de uma emergência.
O educador financeiro Mauro Calil, por sua vez, considera que a soma dos limites dos cartões não deve ultrapassar 50% da renda líquida da família.
"Muitas contas não são pagas no cartão; então, não se pode gastar todo o dinheiro com isso", afirma.
Calil também recomenda evitar parcelamentos. "Não adianta parcelar as compras do supermercado, pois, no mês seguinte, tem mais supermercado."

TRÊS É DEMAIS
Ambos recomendam ter, no máximo, dois cartões. Para Calil, o melhor é ter 15 dias de intervalo entre as datas de vencimento, que devem ser próximas dos dias de recebimento do salário.
Rodrigues diz que pagar o cartão deve ser prioridade. Se não houver recursos suficientes, é melhor buscar um empréstimo no banco com juros mais baixos para quitar a fatura no prazo.
"Nunca pague a parcela mínima", concorda Calil. "Antes do vencimento, ligue e negocie os juros e o parcelamento da dívida. Só volte a usar o cartão quando o débito estiver quitado."
O analista de controles internos Jefferson Ripi da Silva, 34, foi pego nessa armadilha. No último ano, por quatro vezes ele pagou apenas parte da fatura.
O resultado foi uma dívida de R$ 3.000. Para se livrar dos juros de 12% ao mês, ele fez um empréstimo no banco, com taxa de 2%.
Ele diz que precisou recorrer ao cartão para pagar exames e consultas médicas da mãe, que é diabética. Ela não tem plano de saúde e nem sempre consegue atendimento na rede pública.
Para Silva, o cartão continua sendo uma fonte importante de recursos em casos de emergência, mas não para rolar a dívida.
"Pagar a fatura mínima, no que depender de mim, nunca mais", diz Silva.


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