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Fatura do cartão deve ser toda quitada
Para fugir do juro alto, quem não consegue pagar tudo deve negociar parcelas ou tomar empréstimo mais barato
Professores de finanças recomendam controle em "tempo real" das despesas com plástico para evitar surpresas
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO
Fonte de crédito rápido e
sem burocracia, o cartão de
crédito se dissemina velozmente pelo país. Exatamente
por fornecer dinheiro instantâneo, no entanto, é também
o meio de pagamento que
embute os maiores juros.
Os limites de crédito alto e
a possibilidade de pagar apenas uma parte da fatura, empurrando o restante para o
próximo mês, criam armadilhas para um endividamento
descontrolado.
Para Márcio Rodrigues,
professor de finanças da Investeducar, a primeira medida para não gastar além da
conta no cartão é ter controle
constante das despesas.
Ele aconselha que o consumidor consulte com frequência seu extrato on-line
no site do banco. Outra opção é guardar os comprovantes de compra e depois registrar os gastos numa planilha.
"É preciso ter noção, em
tempo real, de quanto está
sendo gasto. Quem não faz
esse acompanhamento acaba se surpreendendo depois
com a fatura", observa.
Rodrigues também orienta
o usuário do cartão a não se
guiar pelo limite de crédito,
que costuma ser muito alto.
Segundo ele, o consumidor deve estabelecer um limite próprio, de acordo com
sua capacidade de gastos, e
ultrapassá-lo apenas no caso
de uma emergência.
O educador financeiro
Mauro Calil, por sua vez, considera que a soma dos limites
dos cartões não deve ultrapassar 50% da renda líquida
da família.
"Muitas contas não são pagas no cartão; então, não se
pode gastar todo o dinheiro
com isso", afirma.
Calil também recomenda
evitar parcelamentos. "Não
adianta parcelar as compras
do supermercado, pois, no
mês seguinte, tem mais supermercado."
TRÊS É DEMAIS
Ambos recomendam ter,
no máximo, dois cartões. Para Calil, o melhor é ter 15 dias
de intervalo entre as datas de
vencimento, que devem ser
próximas dos dias de recebimento do salário.
Rodrigues diz que pagar o
cartão deve ser prioridade. Se
não houver recursos suficientes, é melhor buscar um
empréstimo no banco com
juros mais baixos para quitar
a fatura no prazo.
"Nunca pague a parcela
mínima", concorda Calil.
"Antes do vencimento, ligue
e negocie os juros e o parcelamento da dívida. Só volte a
usar o cartão quando o débito estiver quitado."
O analista de controles internos Jefferson Ripi da Silva,
34, foi pego nessa armadilha.
No último ano, por quatro vezes ele pagou apenas parte
da fatura.
O resultado foi uma dívida
de R$ 3.000. Para se livrar
dos juros de 12% ao mês, ele
fez um empréstimo no banco, com taxa de 2%.
Ele diz que precisou recorrer ao cartão para pagar exames e consultas médicas da
mãe, que é diabética. Ela não
tem plano de saúde e nem
sempre consegue atendimento na rede pública.
Para Silva, o cartão continua sendo uma fonte importante de recursos em casos de
emergência, mas não para
rolar a dívida.
"Pagar a fatura mínima,
no que depender de mim,
nunca mais", diz Silva.
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