São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2011

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Após o IPI, China adia reunião bilateral

Representante asiático adia encontro com secretário-geral do Itamaraty; para Brasil, problema foi de 'agenda'

Montadoras estatais chinesas, como JAC e Chery, têm criticado alta de imposto para carros importados

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Dias depois de o Brasil aumentar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros importados e sob pressão do setor local, o Ministério do Comércio da China adiou na semana passada uma reunião de alto nível com o Itamaraty, marcada para hoje, em Brasília.
O encontro seria entre o vice-ministro do Comércio da China, Wang Chao, e o secretário-geral do Itamaraty, Ruy Nogueira.
A reunião ocorreria no marco da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Coordenação), instalada em 2006 e nominalmente sob a responsabilidade das vice-presidências de ambos os países.
As montadoras chinesas têm criticado duramente o aumento do IPI. Há uma semana, representantes da JAC Motors se reuniram no Ministério do Comércio, em Pequim, em busca de apoio.
A empresa classificou a medida de "irracional e parcial", contrária às diretrizes da OMC e congelou os planos de investimento no Brasil.
Outra montadora chinesa, a Chery, manteve os planos de investir no Brasil, mas uma de suas importadoras entrou na Justiça contra o aumento.
Já a Associação dos Carros de Passeio da China (CPCA, na sigla em inglês), entidade que reúne as principais montadoras do país, disse que o ajuste abrupto "provocou estragos na confiança mútua".
Procurado pela reportagem da Folha desde a semana passada, o Ministério do Comércio não se pronunciou sobre o adiamento da reunião nem sobre o reajuste do IPI.
Questionado pela Folha sobre a posição da China com relação ao aumento do IPI, o porta-voz da Chancelaria Hong Lei disse ontem que a China "gostaria de convidar o Brasil a resolver as diferenças por meio de consultas amigáveis e a incentivar o crescimento constante das relações comerciais e econômicas".
Hong afirmou ainda que as duas economias são "complementares" e que o crescente comércio bilateral ajudou ambos os países a se afastar da crise financeira de 2008.
O Itamaraty informou, via sua assessoria de imprensa, que o Ministério do Comércio alegou "agenda interna" para adiar a reunião. Uma nova data não foi marcada, mas a expectativa é que o encontro ocorra até o final do ano.
A Chancelaria brasileira afirma não acreditar que o cancelamento da reunião da Cosban se deva ao aumento do IPI. Sempre de acordo com a assessoria, o tema não foi levantado durante o encontro em Nova York de Antonio Patriota com o seu colega chinês, o chanceler Yang Jiechi, no sábado.
O Brasil é o principal mercado para os carros chineses no exterior. Dentro do país, perdem para multinacionais como Volkswagen e GM.



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