São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2011

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Crise e juro baixo complicam fundo de pensão

Nenhum fundo conseguirá cumprir a rentabilidade mínima para 2011, afirma entidade

LEILA COIMBRA
DO RIO

A crise das Bolsas de Valores e a redução da taxa básica de juros estão complicando os fundos de pensão do país. As entidades de previdência possuem em média 32% dos seus ativos em renda variável (ações) e 60% atrelados à Selic (taxa de juros oficial), ambos em queda.
Segundo o presidente da Abrapp (Associação das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), José de Souza Mendonça, nenhum fundo conseguirá cumprir sua meta atuarial em 2011.
A meta atuarial é a rentabilidade mínima que os fundos devem alcançar para garantir que seus beneficiários recebam suas aposentadorias, corrigidas pela inflação, sem comprometer o equilíbrio da carteira.
Hoje a meta é de 6% mais o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), o que dá um compromisso de rendimento mínimo de 12,26% neste ano.
Segundo Mendonça, se a Bolsa de Valores permanecer no atual patamar de 55 mil pontos, e a taxa básica de juros (Selic) se mantiver próxima dos 12% ao ano em dezembro, a rentabilidade média dos fundos será de apenas 2,57% em 2011
"Este ano será muito parecido com 2008, quando os fundos apresentaram uma rentabilidade negativa de 1,62%, em meio aos efeitos da crise global. Mas em 2009 e em 2010 houve uma rentabilidade média muito superior à meta e as entidades de previdência recuperaram as perdas", disse o executivo.

PREVI
A Previ, maior fundo de pensão do país, com R$ 154 bilhões em ativos, é a que mais possui investimentos em renda variável: cerca de 60% de seu patrimônio.
O diretor de Participações do fundo, Marco Geovanne Tobias da Silva, diz que "vai ser muito difícil bater a meta atuarial no atual cenário".
Mas ele explica que a Previ tem peculiaridades.
"Boa parte dos nossos investimentos em renda variável não são contabilizados apenas pelo preço dos papéis em Bolsa, mas pelo valor econômico das empresas", diz.
"Isso não reflete pura e simplesmente a desvalorização na Bolsa, mas é um cálculo mais complexo", completa Silva.

LONGO PRAZO
Segundo ele, a administração de um fundo de previdência não pode olhar no curto prazo, tem sempre que lembrar que possui benefícios para pagar nos próximos 40, 50 anos.
"Não somos um fundo de investimento que precisa se desfazer de ativos não rentáveis no dia seguinte. Nós sempre olhamos no longo prazo. E, se a Bolsa não vai bem agora, no futuro ela irá. Nós fazemos parte do controle de empresas sólidas", disse o diretor da Previ.
Para ele, o fundo deve perseguir a estratégia de investir em setores como o de infraestrutura, em especial o de energia, que possui estabilidade de longo prazo.
"Empresas elétricas possuem concessões de 30 anos, com remuneração atrelada à inflação, e grande fluxo de caixa. São ideais para fundos de pensão como a Previ."
Imóveis comerciais de alto padrão em grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília também estão nos planos da entidade. O objetivo não é o ganho com a valorização e futura revenda dos prédios, mas com o aluguel dos imóveis.



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