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Cresce disputa para investir em empresas
Chegada de novos grupos estrangeiros para o setor de "private equity" faz aumentar a competição no Brasil
Dinheiro, sozinho, não
é mais suficiente para convencer donos de empresas a vender parte da companhia
DE SÃO PAULO
O número crescente de
fundos de "private equity"
(participação em empresas)
no Brasil -e que concorrem
muitas vezes pelas mesmas
empresas- tem provocado
um fenômeno de concorrência por investimentos inédito
para o setor no país.
Segundo especialistas,
apenas dinheiro já não é suficiente para convencer os empresários a vender parte de
suas companhias, uma característica do amadurecimento da indústria de "private equity" no Brasil.
"À medida que os fundos
garimpam oportunidades e
as empresas percebem que
estão sendo cobiçadas, elas
começam a querer falar com
outras empresas de investimento para descobrir qual o
melhor parceiro", diz Claudio Furtado, da FGV-Eaesp.
Além dos termos financeiros, os empresários começam a se interessar pela forma como os fundos vão participar da gestão e das oportunidades de crescimento.
Embora tenha sido cortejado por quase dez fundos de
investimentos nos últimos
anos, o Grupo Multi -controlador de escolas de idiomas
como Wizard, Alps e Skill-
optou por fechar parceria
com a Kinea, empresa controlada pelo banco Itaú, não
apenas pelo dinheiro, mas
pelo formato da transação.
A proposta envolvia a
compra de participação minoritária -estima-se que inferior a 20%- por R$ 200 milhões e também a permanência da família Martins na gestão da companhia, condição
fundamental desejada pelos
controladores.
"Além do nome forte do
banco, o Kinea mostrou ao
Multi que poderia acelerar as
negociações para uma aquisição que já estava nos planos", diz Cristiano Laurentti,
da Kinea.
Dias depois do anúncio da
parceria, o Multi anunciou a
aquisição do rival Yázigi por
R$ 250 milhões, transação
que foi possível apenas com
a intermediação do banco.
EXPERIÊNCIA LOCAL
Segundo Chu Kong, da Actis, o principal apelo da companhia para conquistar os
gestores está em mostrar a
experiência dos executivos
no mercado local e também
fazer um paralelo com a expansão em outros países
emergentes.
"Mostramos também que
dominamos a cultura empresarial brasileira, o relacionamento de negócio e a trajetória pessoal de cada sócio,
além de falarmos a linguagem do líder da empresa em
questão. Ao conhecer a cultura de negócios no Brasil,
passamos essa confiança para o empresário", diz.
Entre as empresas mais
concorridas pelos fundos de
investimento estão aquelas
com perspectivas de retorno
mais rápido de investimento,
segundo os especialistas.
"Empresas em estágios
mais desenvolvidos, numa
fase quase pré-abertura de
capital, naturalmente vão ter
mais compradores interessados, desde fundos de "private equity" até investidores diretos. A consequência é que o
preço desses negócios sobe e
chega a se aproximar quase
do valor que a empresa chegaria em Bolsa", diz Juan
Carlos Felix, diretor de investimentos do Carlyle para a
América do Sul.
Com três grandes investimentos no Brasil ao longo de
2010 -a compra de 64% da
CVC em janeiro, 70% da gestora de planos de saúde em
julho e 51% da Scalina, dona
da Trifil em agosto-, o Carlyle mira empresas com origem
familiar e com ajustes a fazer
em governança.
"Procuramos empresas
com origem familiar em que
precisamos regularizar algumas questões de governança", afirma Félix.
Dentro desse escopo, não
há dificuldades em encontrar
negócios, segundo Félix.
"Não há mais dúvidas para o
investidor de que o Brasil é o
lugar para colocar recursos.
As questões agora recaem sobre como convencer o dono
da empresa a escolher determinado fundo e não o seu
concorrente."
(CAMILA FUSCO)
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