São Paulo, segunda-feira, 27 de dezembro de 2010 |
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ANÁLISE PLENO EMPREGO Apagão profissional afeta investimento Ausência de profissionais é constatação inaceitável para país que terá ciclo de projetos relevantes nos próximos anos
CLÁUDIO GARCIA ESPECIAL PARA A FOLHA Um dos temas mais comentados em 2010-a falta de talentos- é, mais do que um ponto de discussão, um fato comprovado. Há uma lacuna de profissionais especializados no Brasil. Na construção civil, que tem estimativa de desemprego de 2%, faltam não só engenheiros, como mestres de obra e pedreiros, atividades que exigem conhecimento técnico mínimo. Setores ligados à tecnologia também tiveram crescimento limitado em função da ausência de profissionais. E o cenário não é animador para 2011. Se antes o deficit concentrava-se nos altos escalões, de "colarinho branco", hoje o mesmo se vê na base da pirâmide de trabalho, onde atuam os profissionais de baixa especialização ("colarinho azul"), e essenciais para que a economia gire no ritmo máximo possível. No setor de call center, por exemplo, não se consegue recrutar pessoas com as capacidades de leitura e de comunicação exigidas para a atividade. A dificuldade se repete em redes de fast food e em lojas de varejo. Essa é uma constatação inaceitável para um país que pretende ser protagonista global e que viverá um ciclo de investimentos relevante, motivado por pré-sal, Copa e Olimpíada. Não faltarão oportunidades, mas elas podem deixar de ser viabilizadas pela ausência de gente. O grande desafio é qualificar as pessoas para os cargos que já existem e estão por vir. Esse quadro é consequência direta do baixo nível histórico de investimento em educação e leva a uma questão: em um contexto de real escassez profissional, como garantir prosperidade e, em casos mais extremos, o mínimo de infraestrutura para públicos cada vez mais exigentes? Um lado da resposta é óbvio: preparando mais pessoas. É fato que, nas últimas décadas, o empresariado brasileiro ocupou papel de destaque na preparação de pessoas, com investimentos diretos no ambiente de trabalho. Só que isso pode não ser suficiente. O outro lado da resposta está relacionado à essência humana, que o treinamento não é capaz de resolver: engajar indivíduos com o propósito da empresa. À medida que falta gente, somente os profissionais que se sentem alinhados estarão dispostos a lidar com as dificuldades, perseverar e trazer respostas aos dilemas empresariais que enfrentarão. Em tempo de alta pressão por resultados, nenhum executivo pode descuidar do envolvimento de seus profissionais com a empresa na qual atuam. É preciso garantir que estes reflitam sobre seus próprios desejos e estabeleçam uma clara conexão sobre seus propósitos e os planos da companhia. E nesse ponto, infelizmente, não há treinamento que funcione. CLÁUDIO GARCIA é presidente da consultoria DBM para a América Latina e líder global da prática de desenvolvimento de talentos da DBM, empresa global especialista em transformação e na transição de pessoas no ambiente empresarial. Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Brasileiro está mais otimista em relação à melhora econômica Índice | Comunicar Erros |
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