São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

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Conselhos dão menos chances às mulheres

DE SÃO PAULO

Em empresas que possuem conselho de administração -órgão que aprova decisões estratégicas da companhia, como a nomeação do presidente-executivo (CEO, na sigla em inglês)-, mulheres têm menos chances de chegar ao topo.
É o que mostra um estudo do Insper com 153 empresas listadas na Bolsa brasileira, que investigou variáveis que poderiam interferir na promoção de executivas a CEO.
Foram considerados faturamento, número de funcionários, lucratividade e estrutura da companhia, por exemplo. E o levantamento concluiu que a existência de um conselho administrativo reduz em 12% as chances de o CEO ser uma mulher.
"Nenhuma das outras variáveis tinha qualquer impacto na equação de probabilidade que montamos", diz Regina Madalozzo, professora e pesquisadora do Insper.
Das empresas avaliadas, 64% tinham conselho de administração. E, dessas, apenas 5,6% tinham uma mulher como CEO.
Já nas companhias sem conselho, a presença feminina na presidência-executiva ficou em 12,3%.
O levantamento mostrou ainda que, nos próprios conselhos, a participação feminina é baixa.
Das empresas avaliadas, 42,5% não tinham nenhuma mulher conselheira; 22,9% tinham apenas uma. E somente 1,31%, seis mulheres.
Em média, a presença feminina nos conselhos fica em 8,9% no Brasil. Nos EUA, 14,8%.
De acordo com a pesquisadora do Insper, o cenário só muda de forma significativa em países em que a lei passou a exigir mais presença feminina.
Na Noruega, é obrigatório, desde 2008, que 40% dos conselhos de administração sejam compostos por mulheres. Na Espanha, foi aprovada uma lei semelhante, com a mesma cota, mas só entra em vigor em 2015.

QUALIFICAÇÃO
"O problema, mesmo com essa exigência, é que as mulheres chamadas a participar dos conselhos não necessariamente são as melhores executivas, mais aptas a julgar", diz Madalozzo. "Assim, acabam acompanhando a decisão da maioria, composta por homens."
Mas a pesquisadora não acredita que a tendência dos conselhos de não nomear mulheres para presidência-executiva reflita "preconceito assumido".
"Creio que seja uma questão de mais afinidade com as características masculinas de liderança do que com as femininas", diz.
(CM)


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