São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

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GUIA DO CRÉDITO IMOBILIÁRIO

Bolha da vez

Imóveis da classe média chegaram perto do pico de valorização nos grandes centros. Especulação com aumento de preço pode não dar certo em 2011

Mateus Bruxel - 22.fev.2011/Folhapress
Novos empreendimentos tomam conta da marginal Pinheiros, em São Paulo

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Não será diferente no Brasil. O preço dos imóveis disparou em todos os países que tiveram a combinação de aumento na renda, crédito farto e escassez de oferta nas áreas mais disputadas dos grandes centros urbanos.
Só faltam juros menores e condições de financiamento mais camaradas para acelerar o processo. Aquela euforia emergente de futuro brilhante adiante, que também alimenta a alta dos preços, o Brasil tem faz tempo.
A má notícia é que as condições de temperatura e pressão mudaram desde o ano passado. Agora, os juros vão é subir. Os bancos devem apertar a liberação de empréstimos e a economia vai esfriar um pouco.
Só que as construtoras e o mercado imobiliário se preparavam para mais um ano de crescimento acelerado, acima de dois dígitos.
O resultado são estoques e preços nas alturas, que não combinam com períodos de desaceleração e abrem caminho para bons negócios.
Segundo Luiz Paulo Pompéia, economista da consultoria Embraesp, especializada em avaliação de imóveis, é improvável que os preços caiam em São Paulo, mas também será difícil crescer no ritmo visto até 2010.
No ano passado, o preço dos apartamentos novos saltou 34,4% -a maior alta desde 1996, quando a Embraesp começou a fazer a pesquisa.
Para o consultor, os imóveis com maior potencial de valorização são os voltados para a classe C. A indústria tem, segundo ele, 15 anos de trabalho pela frente para zerar a falta de habitações.
Nos anos 2000, poucos investimentos renderam mais do que os imóveis em regiões selecionadas. Em São Paulo, os preços dos apartamentos novos saltaram 177,88% de 2000 até 2010, segundo a Embraesp.
A valorização dos lançamentos inflaciona toda a cadeia imobiliária. Puxa junto os preços dos poucos terrenos ainda existentes e também os imóveis mais antigos, além dos custos de produtos e serviços da construção.
"As construtoras estão preocupadas com aquele investidor que compra um apartamento na planta esperando vendê-lo com preço maior pouco antes da entrega das chaves. São pessoas que podem não ter como pagar as prestações se não venderem o imóvel. É um pequeno subprime brasileiro", disse Pompéia.
Apesar da preocupação, ninguém acredita que estamos próximo de uma ressaca, como ocorre nos EUA e na Europa desde 2008.
A razão é que o crédito imobiliário é pequeno e primitivo demais no Brasil. Ainda não anda com as próprias pernas e precisa de recursos subsidiados da poupança, com juros tabelados.
Com juros na casa de 12% ao ano, os valores financiados dobram em seis anos.
Quem faz um empréstimo por 30 anos com essa taxa facilmente deverá mais, no meio do financiamento, do que valerá o imóvel, deixando o banco sem garantia.


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