São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 2011

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"FT" cresce com aposta na área digital

Neste ano, receita do diário britânico com assinatura deve se igualar aos ganhos com anúncios no jornal impresso

Faturamento dobrou em 2010; jornal foi um dos primeiros a adotar modelo de cobrança por notícias on-line


Chris Ratcliffe - 2.mar.10/Bloomberg
John Ridding, CEO do britânico "Financial Times"; diário adotou fórmula de depender cada vez menos de anúncios

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Enquanto muitos jornais sofrem para se adaptar à nova realidade digital, o "Financial Times" dobrou seu faturamento em 2010.
A fórmula do diário britânico é depender cada vez menos de anúncios, extraindo parcela cada vez maior do faturamento de assinaturas do jornal impresso e do on-line, diz o CEO John Ridding.
"É uma mudança muito importante em nosso modelo de negócios, queremos depender cada vez menos de anúncios, que são voláteis e muito sensíveis aos ciclos econômicos", disse Ridding em entrevista exclusiva.
Em 2011, a receita com assinaturas do jornal on-line e do impresso vai se igualar ao faturamento com anúncios do impresso. Quatro anos atrás, os anúncios no jornal impresso respondiam por 70% do faturamento.
Além disso, o jornal está lançando uma série de serviços digitais especializados, como o Brazil Confidential, que estreou em fevereiro, e o FT Tilt, em janeiro.

MODELO
O "FT" foi um dos primeiros jornais a migrar de forma bem-sucedida para o modelo de cobrança por notícias on-line. Hoje, tem 207 mil assinantes em seu website e outras versões digitais, um crescimento de 50% em relação ao ano passado.
O usuário tem direito a dez artigos de graça por mês no site. A partir disso, precisa assinar o FT.com. Modelo semelhante foi adotado pelo "New York Times" em março.
"O mantra de que a informação precisa ser de graça está morrendo, e já era hora", diz Ridding. "Jornalismo de qualidade precisa ser pago e o leitor está disposto a pagar, como mostram os nossos números."
Segundo Ridding, já em 2013 a receita do jornal digital e de outros serviços on-line vai se igualar às vendas do jornal impresso. O jornal impresso tem circulação de 381.658.
Os assinantes do on-line têm acesso ao "FT" em diversos aparelhos, de BlackBerries a iPads e outros tablets.
Ridding afirma que o "Financial Times" vai continuar investindo nas versões para tablets. "Equipamentos móveis são uma grande fonte de crescimento para o "FT" e são exigidos pelos executivos que são leitores do jornal."
Segundo ele, as versões digitais levam o leitor a renovar suas assinaturas do impresso e esse efeito é bem maior que a canibalização do impresso pelo on-line.
Também parte da estratégia do jornal é investir pesadamente em mercados emergentes. O jornal aumentou o número de funcionários baseados no Brasil de um para cinco, no lado editorial.
Além disso, contratou jornalistas focados em Brasil que trabalham parte do tempo aqui e parte do tempo nos EUA e no Reino Unido. No total, o "FT" tem agora 16 pessoas dedicadas a cobrir o Brasil (10 jornalistas e 6 na área comercial).
A Pearson, empresa à qual o "Financial Times" pertence, é dona também da editora Penguin e de 50% da revista "The Economist".
O grupo Financial Times, que inclui Mergermarket e as joint ventures com a "Economist" e FTSE, teve lucro operacional de 60 milhões (R$ 156 milhões, alta de 54%) no ano passado e receita de 403 milhões (R$ 1,1 bilhão, alta de 13%). A empresa não divulga resultados da divisão Financial Times.


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