São Paulo, sábado, 28 de maio de 2011

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CRÍTICA

Blogueiro tem visão alternativa, mas não excludente, a Krugman

CELSO ROCHA DE BARROS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Erudito e tecnicamente competente, gourmet, economista da cultura e colecionador de bandeiras de vodu, Tyler Cowen escreve, junto com Alex Tabarrok, um dos melhores blogs do mundo, o Marginal Revolution.
Mas, diante da maior crise econômica desde 1929, você não quer Freakonomics: você quer Keynes. Seria Cowen capaz de prover uma visão da crise e sugestões para superá-la, como vem tentando fazer Paul Krugman?
Eis a visão em "The Great Stagnation": nas últimas décadas, atingimos um platô no desenvolvimento tecnológico. As inovações recentes, como a internet, mudam menos a vida do que as invenções de cem anos atrás.
Boa parte do crescimento recente foi financiada com endividamento, e a mediana da renda nos EUA não se mexe muito desde os anos 1970.
Essa estagnação, aliada à ilusão de riqueza dos endividados, é a raiz da crise; o mercado imobiliário só estourou primeiro porque lá os devedores eram mais pobres. Cowen é otimista no longo prazo: China e Índia vão começar a inovar mais, cresce o consenso visando reformar a educação norte-americana, e os efeitos da internet sobre a geração de renda e emprego, até agora menores do que se pensa, podem crescer.
Mas seria um erro achar que a narrativa de Cowen substitui a discussão sobre a necessidade de políticas keynesianas para superar a crise. Se a economia tivesse se lançado numa espiral deflacionária em 2008, teríamos um ambiente favorável a empreendedorismo e inovação?
Não me parece, no fundo, que Cowen e Krugman ofereçam explicações excludentes. E há muito mais no livro.
Recomendadíssimo.

CELSO ROCHA DE BARROS é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford

THE GREAT STAGNATION

Tyler Cowen
EDITORA Penguin
QUANTO US$ 5,19 (256 KB)
AVALIAÇÃO Ótimo


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