São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2010

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Alta da Selic não estimula título ligado à taxa básica

Prefixados aumentam fatia no Tesouro Direto

TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO

O aumento na taxa básica de juros ainda não estimulou a procura por títulos públicos atrelados à Selic.
A avaliação de analistas é de que a participação desses papéis continuará no mesmo patamar ao longo do ano, apesar da perspectiva de novas elevações pelo Banco Central.
Balanço do Tesouro Direto, que possibilita a compra desses títulos pela internet, mostra que 14,8% das vendas em maio -primeiro mês após a subida de 0,75 ponto percentual da Selic no final de abril- foram de papéis desse tipo, somando R$ 25,1 milhões.
O dado é superior ao do mês anterior (R$ 22,5 milhões), mas, proporcionalmente, sem alteração. Já a fatia dos prefixados passou de 39% para 41,2% do total, "roubando" investidores dos indexados ao IPCA.
No último dia 9, a Selic subiu 0,75 ponto percentual e atingiu 10,25% ao ano. Para Liao Yu Chieh, professor de finanças do Insper, nem esse novo aumento "vai influenciar significativamente" a participação.
Para ele, o título atrelado à taxa é mais complexo "porque o investidor teria que acompanhar o mercado" para poder prever a perspectiva de variação.
Por essa óptica, é mais simples escolher o ganho real desejado, com papéis indexados à inflação, ou definir de antemão o rendimento com os prefixados.
"A expectativa em relação à taxa de juros influencia mais a demanda do que o dado real", ressalta Flávia Barbosa, gerente-adjunta de relacionamento institucional do Tesouro Nacional.
Os analistas ouvidos pelo BC preveem que a Selic chegue a 12% no fim do ano.
Segundo o administrador de investimentos Fabio Colombo, a maior parcela de interessados em títulos prefixados se deve ao aumento nominal da taxa de juros e à perspectiva de variação menor dos preços.
"Como a taxa está subindo, a tendência é que a inflação recue nos próximos meses." Para o analista, no entanto, os pós-fixados "são menos arriscados, já que seguem a política do BC".

CONTAS
Para decidir se o Tesouro Direto é uma boa opção para a quantia que será investida, é inevitável fazer contas.
Ele segue a tabela regressiva do Imposto de Renda, tornando-se mais vantajoso para quem fica com o papel por mais de dois anos.
Há ainda uma taxa sobre o valor da operação, uma para a BM&FBovespa e uma de serviço cobrada pelos agentes de custódia -que varia da isenção a 4% ao ano, dependendo do banco ou corretora.
A aplicação acaba de ultrapassar 190 mil investidores, mas ainda está muito aquém dos 10 milhões dos fundos, por exemplo. O estoque soma R$ 3,8 bilhões, sendo 48,9% indexado à inflação.
O investimento mínimo pode ser de aproximadamente R$ 200. No entanto, a sopa de letrinhas que os nomeia -LFT, LTN, NTN- ainda afasta investidores para fundos de renda fixa e CDBs.
Para Chieh, "é natural" que os bancos ofereçam os produtos das próprias instituições. O ganho ao pesquisar outras opções, diz Flávia, "é o que vai pagar o esforço".


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