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Alta da Selic não estimula título ligado à taxa básica
Prefixados aumentam fatia no Tesouro Direto
TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO
O aumento na taxa básica
de juros ainda não estimulou
a procura por títulos públicos
atrelados à Selic.
A avaliação de analistas é
de que a participação desses
papéis continuará no mesmo
patamar ao longo do ano,
apesar da perspectiva de novas elevações pelo Banco
Central.
Balanço do Tesouro Direto, que possibilita a compra
desses títulos pela internet,
mostra que 14,8% das vendas em maio -primeiro mês
após a subida de 0,75 ponto
percentual da Selic no final
de abril- foram de papéis
desse tipo, somando R$ 25,1
milhões.
O dado é superior ao do
mês anterior (R$ 22,5 milhões), mas, proporcionalmente, sem alteração. Já a fatia dos prefixados passou de
39% para 41,2% do total,
"roubando" investidores dos
indexados ao IPCA.
No último dia 9, a Selic subiu 0,75 ponto percentual e
atingiu 10,25% ao ano. Para
Liao Yu Chieh, professor de
finanças do Insper, nem esse
novo aumento "vai influenciar significativamente" a
participação.
Para ele, o título atrelado à
taxa é mais complexo "porque o investidor teria que
acompanhar o mercado" para poder prever a perspectiva
de variação.
Por essa óptica, é mais
simples escolher o ganho
real desejado, com papéis indexados à inflação, ou definir de antemão o rendimento
com os prefixados.
"A expectativa em relação
à taxa de juros influencia
mais a demanda do que o dado real", ressalta Flávia Barbosa, gerente-adjunta de relacionamento institucional
do Tesouro Nacional.
Os analistas ouvidos pelo
BC preveem que a Selic chegue a 12% no fim do ano.
Segundo o administrador
de investimentos Fabio Colombo, a maior parcela de interessados em títulos prefixados se deve ao aumento nominal da taxa de juros e à
perspectiva de variação menor dos preços.
"Como a taxa está subindo, a tendência é que a inflação recue nos próximos meses." Para o analista, no entanto, os pós-fixados "são
menos arriscados, já que seguem a política do BC".
CONTAS
Para decidir se o Tesouro
Direto é uma boa opção para
a quantia que será investida,
é inevitável fazer contas.
Ele segue a tabela regressiva do Imposto de Renda, tornando-se mais vantajoso para quem fica com o papel por
mais de dois anos.
Há ainda uma taxa sobre o
valor da operação, uma para
a BM&FBovespa e uma de
serviço cobrada pelos agentes de custódia -que varia da
isenção a 4% ao ano, dependendo do banco ou corretora.
A aplicação acaba de ultrapassar 190 mil investidores,
mas ainda está muito aquém
dos 10 milhões dos fundos,
por exemplo. O estoque soma R$ 3,8 bilhões, sendo
48,9% indexado à inflação.
O investimento mínimo
pode ser de aproximadamente R$ 200. No entanto, a sopa
de letrinhas que os nomeia
-LFT, LTN, NTN- ainda
afasta investidores para fundos de renda fixa e CDBs.
Para Chieh, "é natural"
que os bancos ofereçam os
produtos das próprias instituições. O ganho ao pesquisar outras opções, diz Flávia,
"é o que vai pagar o esforço".
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