São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

mercado em cima da hora

G20 defende corte de gastos até 2013

Comunicado da reunião de Toronto incluiu alerta para que os governos acelerem o reequilíbrio de suas contas

Por pressão de Brasil, EUA e emergentes, texto fala em evitar que os ajustes possam afetar o crescimento

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

A quarta cúpula do G20 terminou ontem em Toronto com acordo para cortar pela metade os deficit dos países avançados até 2013 e um alerta para que os governos com desarranjos fiscais graves acelerem o reequilíbrio das contas públicas.
Os países desenvolvidos deverão também equilibrar ou reduzir a dívida em relação ao PIB até 2016.
Por pressão de Estados Unidos, Brasil e alguns emergentes, o texto contemplou a necessidade de evitar que os ajustes prejudiquem o crescimento ainda frágil nesta fase de recuperação econômica.
Como previsto, o comunicado final foi um híbrido que permitiu a partidários de ambas as correntes cantar vitória. Foi possível a todos manter basicamente preservadas as intenções iniciais com que chegaram a Toronto.
EUA, Brasil, China, Argentina, Indonésia, Turquia e outros defendiam que fosse priorizada a solidificação da recuperação econômica e a geração de empregos.
Já europeus estavam concentrados em controlar o crescimento dos deficit públicos, temerosos do efeito sobre os mercados.
Foi preciso bastante pressão para que o G20 (grupo das 21 maiores economias do mundo mais a União Europeia) mantivesse o apoio aos pacotes de estímulo e ao investimento no crescimento.
Segundo afirmaram à Folha pessoas próximas às negociações, vários países queriam carta branca para o ajuste fiscal imediato.

RECUPERAÇÃO
A sensação mais forte era a de que o foco ficou mesmo com o ajuste fiscal. Europeus, capitaneados pela chanceler alemã, Angela Merkel, comemoraram. "É mais do que eu esperava", afirmou ela.
O presidente mexicano Felipe Calderón concordou, dizendo que é mais importante manter a confiança dos mercados. "Isso tem mais efeito no crescimento do que estímulos econômicos."
Mas, para o ministro Guido Mantega (Fazenda), que representou o Brasil no encontro, ""a visão dos emergentes foi plenamente contemplada quanto à consolidação do crescimento".
Após dizer no sábado que a meta de corte de 50% do deficit até 2013 era ""draconiana" Mantega insistiu ontem que a considera ""um pouco ambiciosa".
"Alguns países terão dificuldades; outros conseguirão, como Alemanha e França", afirmou à imprensa.
O Japão foi especificamente excluído das metas por ter situação econômica considerada à parte. Seu corte será menor que o dos demais.
O comunicado afirma ainda que, ""para manter a recuperação, é preciso criar as condições para fortalecer a demanda doméstica".
"O Brasil não tem esse problema, pois nosso mercado interno já está bombando. Era mais uma questão da China e outros", disse Mantega, para quem o G20 deu um recado a Alemanha e Japão.
"[Eles] vivem dos mercados externos e agora querem fazer um ajuste sem estimular tanto a economia quanto deveriam", afirmou. "Precisam fazer a parte deles, caso contrário o ajuste fica só nas costas dos emergentes."
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi à cúpula sob o argumento de que vai acompanhar o apoio a moradores de Alagoas e Pernambuco atingidos pelas chuvas.


Texto Anterior: Crise financeira: Ex-executivo da AIG vai depor nos EUA
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.