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Bancos vão buscar dinheiro na Ásia
Japoneses ficam com metade da dívida de empresas brasileiras, que pagam juro acima das taxas no continente
Principais bancos brasileiros fizeram roadshow neste ano para vender opções de investimento na Ásia
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
JANAINA LAGE
DO RIO
O Japão se tornou o país
que mais compra títulos de
dívida de empresas brasileiras no exterior, refletindo o
aumento do interesse asiático por aplicações no Brasil.
Os japoneses levaram
US$ 5,7 bilhões dos US$ 10,9
bilhões vendidos no mundo.
Essas empresas pagam juros de 6% a 11% -taxas impensáveis para países com
juros de 0,1% (Japão), 2,25%
(Coreia do Sul), 5,31% (China) e 4,5% (Austrália).
O crescimento do interesse
asiático ocorre após vários
roadshows de bancos brasileiros pela Ásia. Neste ano,
aportaram no continente
executivos de Itaú, Bradesco,
Banco do Brasil, BNDES e das
unidades brasileiras do Citibank e do Santander.
Segundo Pedro Guerra, diretor do Citi Brasil, além da
dívida privada os asiáticos
buscam oportunidades em
ações, fundos, títulos públicos e até empresas fechadas.
Na semana passada, o presidente do BNDES, Luciano
Coutinho, foi ao Japão para
assinar um memorando de
entendimento para ampliar a
parceria com o JOI, entidade
que busca promover investimentos em outros países.
O último levantamento do
JOI põe o Brasil em sexto lugar como destino de investimentos. Quando se excluem
os vizinhos asiáticos, o Brasil
fica em primeiro, à frente dos
EUA e dos europeus.
Em abril, o Itaú abriu uma
gestora de recursos em Tóquio, em que administra
US$ 14 bilhões em fundos focados no Brasil -até 2008,
eram US$ 500 milhões.
O Bradesco vai abrir um
escritório ainda neste ano no
Japão, onde tem parceria
com o Mitsubishi para gestão
de US$ 1,7 bilhão em fundos.
FUSO HORÁRIO
"O mercado asiático tem
muita complementaridade
com o brasileiro. Temos um
dos juros mais altos, e eles,
um dos mais negativos. A
poupança deles é muito alta,
e a nossa, baixa. Eles têm
uma maturidade grande na
infraestrutura e a nossa está
engatinhando. Japão e Coreia do Sul têm uma população velha, e nós somos um
país jovem. Até o horário é
complementar, mas isso
atrapalha...", disse Pedro
Bastos, diretor da Anbima.
Até 2004, nas emissões de
títulos do governo no exterior, a participação dos asiáticos não passava de 3%. Foi
quando o então secretário do
Tesouro, Joaquim Levy, decidiu iniciar os leilões à meia-noite e a demanda foi a 30%.
"Foi um sucesso. O asiático pegava o fim de feira. Não
dá para exigir que o operador
fique trabalhando de madrugada", disse Levy, hoje na
gestora do Bradesco.
"Precisamos de uma infraestrutura para atender esse investidor. Não adianta
vender se não tiver alguém
aqui, durante a madrugada,
para atender um telefonema.
A Ásia está borbulhando...
Esse investidor reconhece
que pode aplicar com sossego no Brasil", disse Pedro
Guerra, do Citibank.
O Ministério do Desenvolvimento programou para
amanhã um seminário em
Osaka (Japão), para "vender" oportunidades no país.
Segundo Eduardo Celino,
da pasta, o Japão retomou o
patamar da década de 1970
em importância nos investimentos no Brasil. Os fatores
que ajudam a atrair a atenção
dos asiáticos hoje, afirma,
são as obras de infraestrutura, da Copa e da Olimpíada.
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