São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2010

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Brasil perde peso no comércio com a Ásia

Participação recua nas importações de 7 dos 10 maiores mercados asiáticos, os que mais compram do país

Para especialista, exportações brasileiras sofrem com deficiências na infraestrutura, como em portos e rodovias

ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO

As exportações brasileiras perderam espaço no comércio com a Ásia, a região que vem crescendo mais forte e liderando a retomada da economia global -e a que mais compra produtos do país.
Levantamento nos dez principais mercados asiáticos para o Brasil mostra que o país perdeu espaço em sete deles. Mesmo na China, que é o que mais importa do Brasil, houve perda de 8% no peso total das compras.
Com exceção da Coreia do Sul e da Indonésia, o Brasil vendeu mais agora do que no ano passado, mas o ritmo de crescimento das exportações foi inferior à média, o que explica a perda de participação.
Para Evaldo Alves, professor da Fundação Getulio Vargas, as exportações brasileiras enfrentam limitações, como em infraestrutura (rodovias e portos, por exemplo), que ajudam a explicar a perda de peso nesses mercados.
O mercado asiático, apesar da distância, é o principal para as exportações brasileiras. No primeiro semestre, o grupo de 26 países (do Japão ao Timor Leste, por tamanho do PIB) comprou 27% de tudo o que o Brasil vendeu - mais que EUA ou UE.
Essa perda de peso no comércio com os asiáticos, mais a invasão de produtos de lá, é uma das razões para a queda de 43% do superavit no primeiro semestre, para US$ 7,8 bilhões, o menor no período desde 2002.
De um saldo positivo de US$ 4,1 bilhões no primeiro semestre de 2009, a conta nas transações com a Ásia passou a ser negativa para o Brasil em US$ 481 milhões na primeira metade de 2010.
As vendas do Brasil para a Ásia são formadas principalmente por produtos básicos (como minério de ferro e soja) e semimanufaturados (couro, por exemplo).
Nos seis primeiros meses, os asiáticos, liderados pela China, compraram 45% dos itens básicos e 35% dos semimanufaturados brasileiros -em ambos os casos, o peso deles caiu em relação ao primeiro semestre de 2009.
Essa queda também ocorreu com manufaturados (com maior valor agregado, como avião), mas as compras da Ásia têm peso menor na exportação desses itens, representando 7% do total.

MAIS ASIÁTICOS
Na outra mão do comércio, os asiáticos continuaram aumentando a sua presença nas compras brasileiras. Elas cresceram 60,6% desde janeiro até junho -mais que a média geral de 45%- e representaram 30,6% dos produtos trazidos do exterior.
A Coreia do Sul, movida principalmente a carros, e a Índia, que tem combustível como carro-chefe, mais que dobraram as exportações.


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