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Estúdios querem "pay-per-view premium"
Filme chegaria no sistema pago de TV 45 dias após o lançamento nos cinemas dos EUA, por cerca de R$ 43
Proprietários de salas de cinema e grandes redes varejistas, como o Walmart, no entanto, se opõem à antecipação
DO "NEW YORK TIMES"
Nos próximos meses deve
ocorrer uma explosão no
mundo do cinema. A questão
é determinar que estúdio detonará a bomba.
Depois de dois anos de
pressão por parte de Hollywood, a Comissão Federal de
Comunicações (FCC, na sigla
em inglês) americana concordou em permitir que os estúdios de cinema ativassem
uma tecnologia para impedir
cópia de filmes vendidos em
sistemas "pay-per-view".
A decisão permitiu que os
estúdios criassem a chamada
distribuição "premium", que
pode ser um caminho para
restaurar a saúde do setor,
agora que o mercado de
DVDs se estagnou.
No momento, as cadeias
de cinemas requerem um
prazo de exclusividade -em
média 120 dias- para que
exibam os filmes novos. Depois, eles começam a ser vendidos no "pay-per-view" televisivo por cerca de US$ 4,99.
Armados com nova tecnologia de bloqueio a cópias, os
estúdios desejam oferecer filmes novos em formato "pay-per-view" 45 dias depois do
lançamento nos cinemas, a
um preço de US$ 24,99 (aproximadamente R$ 43).
Já que até 80% da receita
desse serviço de distribuição
"premium" caberia aos estúdios, os executivos de cinema veem nele um novo propulsor que compensaria a
queda na procura por DVDs.
As vendas de DVDs neste
ano devem ficar em cerca de
US$ 9,9 bilhões, ou 30%
abaixo de seu pico, em 2004.
Os estúdios estão cientes
da crescente impaciência dos
consumidores diante da impossibilidade de assistir a todos os filmes que desejam,
quando desejam.
Criar uma opção que permita locação antecipada pode impedir que alguns desses
consumidores frustrados optem por cópias piratas.
"Existem pessoas que prefeririam ver os filmes mais
cedo e estão dispostas a pagar a mais por isso", disse Robert Iger, presidente-executivo da Disney. "Vamos agir de
modo mais agressivo."
OPOSIÇÃO
Qual é o problema, então?
O comércio de DVDs, para
começar. Empresas como o
Walmart "informaram aos
estúdios que vão retaliar
quem lançar serviços "premium" de distribuição, devido à ameaça que representam às vendas de DVDs", escreveu Richard Greenfield,
analista de uma companhia
de serviços financeiros.
Mas a verdadeira ira deverá vir dos proprietários de cadeias nacionais de cinemas,
que deixaram claro que lançar mais cedo os filmes em
"pay-per-view" -e assim reduzir seu prazo de exclusividade- seria o equivalente a
uma declaração de guerra.
A preocupação para as salas de cinema, claro, é que os
espectadores relutem mais
em comprar ingressos, a um
preço médio próximo de
US$ 8, se souberem que poderão assistir ao mesmo filme apenas algumas semanas
mais tarde, em suas casas, e
por menos dinheiro do que
custaria levar uma família toda ao cinema.
Os proprietários de cinemas estão falando sério.
Quando a Sony tentou um
teste com "Tá Chovendo
Hambúrguer", em que os donos de TV Bravia com conexão à internet podiam alugar
o filme antes que ele fosse
lançado em DVD, por US$ 25,
algumas salas tiraram o título de cartaz.
E a decisão da Disney, no
segundo trimestre, de lançar
"Alice no País das Maravilhas" em DVD antes do prazo
usual foi rebatida com apelos
por boicotes por parte das salas de cinema, especialmente
as do Reino Unido.
Os estúdios afirmam que
vão arriscar com a distribuição "premium" de qualquer
modo, afirmando não ter
muita escolha dada a queda
no mercado de DVDs. Além
disso, os analistas estimam
que 90% das receitas de bilheteria de um filme são geradas nos primeiros 30 dias de
exibição.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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