São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2010

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Estúdios querem "pay-per-view premium"

Filme chegaria no sistema pago de TV 45 dias após o lançamento nos cinemas dos EUA, por cerca de R$ 43

Proprietários de salas de cinema e grandes redes varejistas, como o Walmart, no entanto, se opõem à antecipação

DO "NEW YORK TIMES"

Nos próximos meses deve ocorrer uma explosão no mundo do cinema. A questão é determinar que estúdio detonará a bomba.
Depois de dois anos de pressão por parte de Hollywood, a Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) americana concordou em permitir que os estúdios de cinema ativassem uma tecnologia para impedir cópia de filmes vendidos em sistemas "pay-per-view".
A decisão permitiu que os estúdios criassem a chamada distribuição "premium", que pode ser um caminho para restaurar a saúde do setor, agora que o mercado de DVDs se estagnou.
No momento, as cadeias de cinemas requerem um prazo de exclusividade -em média 120 dias- para que exibam os filmes novos. Depois, eles começam a ser vendidos no "pay-per-view" televisivo por cerca de US$ 4,99.
Armados com nova tecnologia de bloqueio a cópias, os estúdios desejam oferecer filmes novos em formato "pay-per-view" 45 dias depois do lançamento nos cinemas, a um preço de US$ 24,99 (aproximadamente R$ 43).
Já que até 80% da receita desse serviço de distribuição "premium" caberia aos estúdios, os executivos de cinema veem nele um novo propulsor que compensaria a queda na procura por DVDs. As vendas de DVDs neste ano devem ficar em cerca de US$ 9,9 bilhões, ou 30% abaixo de seu pico, em 2004.
Os estúdios estão cientes da crescente impaciência dos consumidores diante da impossibilidade de assistir a todos os filmes que desejam, quando desejam.
Criar uma opção que permita locação antecipada pode impedir que alguns desses consumidores frustrados optem por cópias piratas.
"Existem pessoas que prefeririam ver os filmes mais cedo e estão dispostas a pagar a mais por isso", disse Robert Iger, presidente-executivo da Disney. "Vamos agir de modo mais agressivo."

OPOSIÇÃO
Qual é o problema, então? O comércio de DVDs, para começar. Empresas como o Walmart "informaram aos estúdios que vão retaliar quem lançar serviços "premium" de distribuição, devido à ameaça que representam às vendas de DVDs", escreveu Richard Greenfield, analista de uma companhia de serviços financeiros.
Mas a verdadeira ira deverá vir dos proprietários de cadeias nacionais de cinemas, que deixaram claro que lançar mais cedo os filmes em "pay-per-view" -e assim reduzir seu prazo de exclusividade- seria o equivalente a uma declaração de guerra.
A preocupação para as salas de cinema, claro, é que os espectadores relutem mais em comprar ingressos, a um preço médio próximo de US$ 8, se souberem que poderão assistir ao mesmo filme apenas algumas semanas mais tarde, em suas casas, e por menos dinheiro do que custaria levar uma família toda ao cinema.
Os proprietários de cinemas estão falando sério. Quando a Sony tentou um teste com "Tá Chovendo Hambúrguer", em que os donos de TV Bravia com conexão à internet podiam alugar o filme antes que ele fosse lançado em DVD, por US$ 25, algumas salas tiraram o título de cartaz.
E a decisão da Disney, no segundo trimestre, de lançar "Alice no País das Maravilhas" em DVD antes do prazo usual foi rebatida com apelos por boicotes por parte das salas de cinema, especialmente as do Reino Unido.
Os estúdios afirmam que vão arriscar com a distribuição "premium" de qualquer modo, afirmando não ter muita escolha dada a queda no mercado de DVDs. Além disso, os analistas estimam que 90% das receitas de bilheteria de um filme são geradas nos primeiros 30 dias de exibição.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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