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Brasil sofre com "guerra cambial", diz Mantega
Ministro aponta desvalorização artificial de moedas pelo mundo
Movimento busca alavancar exportações e tira a competitividade do Brasil, segundo o ministro da Fazenda
MARIANA SALLOWICZ
DE SÃO PAULO
O ministro da Fazenda,
Guido Mantega, afirmou ontem que o mundo vive uma
"guerra cambial", com os
países buscando desvalorizar as suas moedas. De acordo com ele, o Brasil tem mecanismos para impedir que
haja uma valorização cambial exagerada no país.
"Os países estão procurando desvalorizar as suas moedas para terem mais competitividade. Isso nos ameaça
porque tira a nossa competitividade", disse o ministro
em apresentação a empresários.
Segundo ele, o governo
tem medidas para impedir
que "sobrem dólares no mercado". "Já estamos comprando um volume muito maior
de dólares. Devemos estar
com US$ 270 bilhões de reservas mais as reservas que o
Tesouro tem. Já temos um volume grande", reforçou.
Mantega disse que há ainda outras medidas que podem ser tomadas para impedir que haja uma sobrevalorização excessiva da moeda.
"Há outras medidas na esfera das aplicações em renda
fixa ou de alguma especulação que possa haver com capitais de curto prazo."
Ele lembrou, no entanto,
que o país já tomou, no ano
passado, medidas para conter a entrada excessiva de capital de curto prazo, como a
adoção de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)
sobre aplicações externas em
ações e renda fixa.
"Não pretendemos taxar
investimento estrangeiro,
que é muito positivo para o
país", apontou.
Mantega acrescentou que
há expectativas de "uma calmaria" após o processo de
capitalização da Petrobras.
DESINDUSTRIALIZAÇÃO
O ministro negou ainda
que esteja ocorrendo uma
desindustrialização no país.
"Houve uma redução do peso da indústria na economia
mundial. O Brasil não foi exceção a essa regra. Agora, a
indústria brasileira se mantém dentro dos padrões da
indústria mundial", disse.
Segundo ele, a produção
da indústria em torno de 17%
do PIB (Produto Interno Bruto) representa "um marco razoável".
Mantega afirmou ainda
que acredita ser necessário
ter medidas "mais duras antidumping" para impedir
que haja "concorrência desleal". De acordo ele, muitas
nações em dificuldades tentam vender "a todo custo"
seus produtos para o mercado nacional.
O ministro acredita que o
governo tem condições de
dar início à reforma tributária ainda neste ano, após as
eleições.
"É possível fazer a reforma
tributária no que diz respeito
ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Prestação de Serviços) e acabar com a guerra fiscal entre
os Estados", afirmou durante
seminário na Fiesp.
Segundo o ministro, o governo deverá reduzir as alíquotas interestaduais e dar
compensação aos Estados.
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