São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2010

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Apesar do IPI, crédito para veículos é recorde

Novos financiamentos têm maior valor desde o início da série histórica

Juro menor e redução de preços de carro zero com a queda do dólar explicam alta, apesar de imposto ter subido

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O financiamento de veículos acompanhou a alta nas vendas e na produção e bateu novos recordes no último trimestre, apesar de o setor não contar mais com o incentivo do IPI reduzido, que acabou em março.
Dados do BC mostram que o estoque de crédito cresceu em setembro pelo 20º mês seguido e teve a maior variação na comparação anual desde o início de 2009, quando as vendas refletiam a redução de imposto durante a crise do ano anterior.
O total de empréstimos por meio de crédito direto e leasing atingiu o valor recorde de R$ 176 bilhões no mês passado, alta de 16% ante o mesmo período de 2009.
Os novos financiamentos no crédito direto alcançaram no último trimestre o maior valor da série iniciada em junho de 2000, enquanto as taxas de juros chegaram ao menor nível nesse período.
Uma explicação para esse comportamento é que ficou mais barato financiar o carro zero, mesmo com imposto maior. Além do juro menor, o preço de veículos novos e usados caiu nos nove primeiros meses do ano, segundo dados do IBGE.
Contribuem para essa queda não só as promoções mas também o fato de mais de um terço dos carros vendidos no país ser fabricado no exterior, o que os torna mais baratos em um momento de queda do dólar.
Luiz Carlos Mello, coordenador do CEA (Centro de Estudos Automotivos), diz que a retomada do crédito foi mais importante para o setor do que o benefício tributário, já que a maior parte das vendas (63%) é feita a prazo.
Ele lembra que a redução do imposto serviu exatamente para compensar a falta de recursos para financiamento provocada pela crise entre 2008 e 2009.
"Enquanto houver uma combinação de crédito farto e acessível, principalmente com mais prazo, essa expansão vai continuar", diz Mello.

AVANÇO
O presidente da Anef (associação que reúne os bancos das montadoras), Décio Carbonari de Almeida, estima que o total de financiamentos ultrapasse R$ 180 bilhões neste ano e chegue aos R$ 200 bilhões em 2011.
"O financiamento vai crescer mais que as vendas, porque os novos clientes dependem mais do crédito."
Os dados do Banco Central também mostram que a maior parte dos financiamentos tem sido feita por meio do CDC (Crédito Direto ao Consumidor), que representam 71% do total. O leasing, que respondia por mais de 40% das vendas há um ano, tem hoje uma participação de 29%.


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