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ANÁLISE ZONA DO EURO
Praga financeira permanece ameaçando os mercados
A crise dos bancos e a crise soberana podem se espalhar pelo continente
DO "FINANCIAL TIMES"
Seria cômico, não fosse tão
sério. Cada vez que a zona do
euro se enche de determinação e identifica uma política
para abrandar a crise da dívida soberana, ela acaba por
agravar a situação.
O acordo que está sendo
formulado para autorizar a
Irlanda a receber um empréstimo bilionário do Mecanismo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF) visava a
reduzir os rendimentos soberanos excessivos.
Aconteceu o contrário. Os
títulos governamentais portugueses caíram. O que é difícil entender é por que pensaram que forçar um empréstimo a Dublin seria uma maneira melhor de ajudar Portugal do que um empréstimo
concedido diretamente.
Portugal faria bem em recorrer ao EFSF agora, antes
que os mercados o obriguem.
A Irlanda não tem mais como evitar a escolha entre a
solvência de seu governo ou
a de seus bancos. É possível
que outros países com bancos inchados também sejam
forçados a fazer essa escolha.
Em casos como esses, não
deve haver dúvida quanto à
prioridade: sem solvência soberana não há solvência dos
bancos domésticos. Logo, é
imperativo decretar regimes
especiais de insolvência para
bancos, como, felizmente, a
Alemanha está fazendo.
Tanto a crise dos bancos
quanto a crise soberana podem se espalhar pela Europa; o contágio da dívida soberana praticamente não está mais sendo contido.
A zona do euro não pode
proteger a Espanha: seria
preciso que o EFSF fosse
multiplicado para que cobrisse as necessidades de refinanciamento do país.
Se a situação de liquidez se
agravar, outros países poderão seguir pelo mesmo caminho. Não tendo tornado o
EFSF tão grande, agora a zona do euro não possui uma
ferramenta digna de crédito
para conter o contágio.
É tentador apontar o dedo
para identificar culpados
-para Angela Merkel, detentores de títulos têm que pagar
pela restruturação soberana.
Mas o problema dos títulos
é sistêmico. Se as declarações de Merkel não tivessem
assustado o mercado, é provável que ele teria se desestabilizado com outra coisa.
É por isso que nenhum
país que precisa de refinanciamento deve supor que está em segurança.
Mesmo assim, a ideia de
que o euro vá explodir cheira
à histeria. Ninguém pode ser
expulso da união monetária;
a saída é voluntária. A dívida
em euros teria que deixar de
ser saldada. Quaisquer ganhos eventualmente obtidos
com a desvalorização seriam
desfeitos pelo caos da mudança de moeda.
De alguma maneira, o
crescimento fundamental da
zona do euro continua em ritmo normal. Mas os perigos
gêmeos da falência de bancos e do contágio soberanos
constituem riscos graves.
Tradução de CLARA ALLAIN
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