São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2011

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Alemã quer operar aeroporto no Brasil

Fraport, que administra a unidade de Frankfurt, não tem interesse em operar só os terminais de passageiros

Empresa é parceira da Andrade Gutierrez, que tem interesse na construção de aeroporto em Caieiras (Grande SP)

Thomas Lohnes - 23.abr.10/France Presse
Torre de controle de pousos e decolagens no aeroporto de Frankfurt (Alemanha), que é administrado pela Fraport

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Uma das maiores operadoras privadas de aeroporto do mundo, a alemã Fraport está de olho no mercado brasileiro. A empresa já tem até uma parceira para obras: a construtora Andrade Gutierrez.
O interesse da Fraport, no entanto, está mais na concessão de aeroportos inteiros do que apenas terminais de passageiros, como tem sido ventilado pela Casa Civil.
A Andrade é uma das grandes defensoras do projeto de um novo aeroporto em Caieiras (Grande SP).
"Nosso interesse vai depender da regulação, se fará sentido e se as concessões individuais serão viáveis economicamente", disse à Folha o diretor de projetos da Fraport, Felix von Berg.
Segundo o executivo, se o governo se limitar a conceder a obra e a gestão de terminais de passageiros -caso que está sendo estudado para Campinas e Brasília-, o interesse da Fraport diminui.
"Isso é algo que a gente também pode fazer -fizemos em Antalya (Turquia), no início. Mas, na nossa visão, apenas conceder novos terminais traz muitas desvantagens que não achamos que estão sendo levadas em consideração."
Segundo von Berg, há conflitos entre o concessionário do terminal e o gestor do aeroporto. "Isso adiciona complexidade à operação."
Com base na experiência da Fraport na Turquia, ele diz que uma das principais dificuldades é a de definir quais voos cada terminal deve receber.
"Vamos tomar o exemplo do terceiro terminal de Guarulhos. A Infraero, que ficaria com os demais terminais e o resto do aeroporto, obviamente vai querer lotar primeiro seus terminais."
Na sua visão, será preciso estabelecer regras para garantir que o concessionário do terceiro terminal receba um tráfego "adequado".
A questão é complexa, pois a receita associada a voos domésticos e internacionais é distinta. E mesmo entre voos internacionais, dependendo do destino, há diferenças.
No aeroporto turco, a Fraport lucra mais com voos da Rússia do que da Alemanha. "Os viajantes russos adoram gastar e fazer compras no free shop."
Na opinião do executivo, a administração privada de um terminal de passageiros tampouco resolve os gargalos de falta de capacidade no sistema de pátios e pistas. "Você melhora o conforto do passageiro em terra, mas não obtém ganhos de capacidade na operação."
A Fraport faturou US$ 3,15 bilhões (R$ 4,9 bilhões) no ano passado e tem sob sua gestão direta 88,5 milhões de passageiros distribuídos por cinco aeroportos: de Frankfurt e na Turquia, Arábia Saudita, Bulgária e Peru.
Com 66 aeroportos, a Infraero recebeu 155 milhões de passageiros e faturou R$ 2,9 bilhões em 2010.


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