São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2011

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ANÁLISE CANA

Açúcar dá sinais de retorno a condição climática normal

PLINIO NASTARI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em fevereiro e março, chuvas acima da média foram observadas nas principais regiões canavieiras da região Centro-Sul, seguidas de trégua a partir de meados deste mês, situação que deve se prolongar ao longo dos próximos meses.
O atraso no desenvolvimento fisiológico das canas causado pela prolongada seca de 2010 está sendo gradualmente recuperado.
A operação das usinas na região Centro-Sul ficou comprometida pelo atraso no crescimento da cana e por chuvas até o começo deste mês, fazendo com que a entressafra fosse mais longa do que o normal.
Mas, a partir de meados deste mês, a moagem se intensificou e a oferta de etanol e açúcar tende novamente à normalidade.
Os preços do etanol anidro e do etanol hidratado aos produtores já dão sinais de recuo, que em breve será refletido nos postos de abastecimento de combustível pelo país.
Os fenômenos climáticos que afetaram outros países produtores em 2010 também estão sendo superados.
O caso da Tailândia é o que mais impressiona. De estimados inicialmente 6,2 milhões de toneladas, a produção de açúcar deve superar 9,5 milhões de toneladas.
Isso permitirá que sejam exportados 6,2 milhões de toneladas, apesar da expansão do consumo interno, consolidando a Tailândia como segundo exportador mundial.
A seca observada na Rússia, que afetou não só a produção de beterraba, mas principalmente a de trigo, também é fato passado.
A produção de açúcar deve saltar de 2,7 milhões para 4,2 milhões de toneladas, reduzindo a importação de 3 milhões para estimado 1,9 milhão de toneladas, da qual o Brasil é praticamente o único supridor.
O Paquistão também surpreende pela rápida recuperação, mesmo após as sérias enchentes de 2010.
Da previsão inicial de 3,2 milhões de toneladas, deve encerrar a safra 2010/11 com produção de 4,1 milhões. A consequência é a diminuição das importações.
A análise dos preços relativos atuais e projetados para 2011 indica que, na atual safra brasileira, o mix de produção deve ser direcionado, por ordem decrescente de prioridade, ao etanol anidro, ao açúcar e ao etanol hidratado.
A reforma e a expansão dos canaviais realizada nos primeiros meses de 2011 indicam que a entressafra do próximo ano voltará à sua condição normal, e não será tão longa quanto a deste ano.
Superado o desconforto causado pela alta de preços no mercado interno, fica a certeza de que a comercialização de etanol deve ser melhor estruturada, deixando de ser realizada apenas no mercado à vista.
A contratação prévia e a maior utilização de ferramentas de mercado, como o contrato futuro de etanol, devem ajudar a amenizar a sazonalidade e a excessiva volatilidade dos preços que tanto incomodam consumidores, produtores e governo.

PLINIO NASTARI é mestre e doutor em economia agrícola e presidente da Datagro Consultoria.


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