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Santander abre agência em favela e amplia microcrédito
CIRILO JUNIOR
DO RIO
Disposto a ampliar a carteira de clientes com renda
mais baixa, o Santander chegou ontem à favela carioca,
conforme a Folha antecipou
na segunda-feira.
O banco inaugurou agência no Complexo do Alemão,
um dos maiores e mais violentos conjuntos de favelas
do Rio, com população estimada em 100 mil pessoas.
A solenidade contou com a
presença do presidente Fabio Barbosa e de diretores do
banco e reuniu cerca de mil
pessoas, que assistiram a
uma apresentação do grupo
Afroreggae. Barbosa chegou
numa comitiva e foi diretamente à agência, sem circular pela favela.
A agência no interior da favela vai servir como um "modelo de aprendizagem" para
o Santander, disse o vice-presidente-executivo de varejo,
José Paiva Ferreira.
Ainda não há previsão de
abertura de novas unidades
em regiões carentes, mas
Ferreira não escondeu que o
banco pretende inaugurar
agências do mesmo perfil.
Para abrir a conta na unidade do Complexo do Alemão, o cliente precisa ter renda de pelo menos um salário
mínimo. Em outras agências,
o Santander exige, em média, ganho de R$ 1.000.
O banco vai adequar também outras exigências, como
a necessidade de comprovante de residência.
O executivo minimizou o
risco de operar em uma favela dominada por traficantes
armados. Segundo Ferreira,
o Santander não vai adotar
nenhum esquema especial
de segurança.
"A comunidade não quer
isso e nós desejamos apenas
prestar um serviço de que
eles necessitam. Esperamos
não ter nenhum problema de
segurança", observou.
A unidade do Alemão vai
oferecer os mesmos serviços
de outras agências, inclusive
concessão de microcrédito.
O Santander vem incrementando ações junto às
classes de renda mais baixas
e prevê liberar, neste ano, R$
280 milhões em empréstimos
de pequeno porte.
O valor supera o montante
liberado entre 2002 e 2009,
que totalizou R$ 227 milhões.
O banco espanhol tem hoje 10 milhões de clientes no
Brasil, dos quais 2,5 milhões
têm renda de até R$ 600.
"Quando você abre uma
agência onde não existe nenhuma, corre alguns riscos,
mas também está abrindo
oportunidades para que
aquelas pessoas possam se
sentir mais cidadãs", afirmou Barbosa.
De acordo com o presidente do Santander, o Complexo
do Alemão foi escolhido devido à parceria com o Afroreggae, organização que surgiu em 1993 na favela de Vigário Geral após uma chacina que deixou 21 mortos.
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