São Paulo, sábado, 29 de maio de 2010

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Santander abre agência em favela e amplia microcrédito

CIRILO JUNIOR
DO RIO

Disposto a ampliar a carteira de clientes com renda mais baixa, o Santander chegou ontem à favela carioca, conforme a Folha antecipou na segunda-feira.
O banco inaugurou agência no Complexo do Alemão, um dos maiores e mais violentos conjuntos de favelas do Rio, com população estimada em 100 mil pessoas.
A solenidade contou com a presença do presidente Fabio Barbosa e de diretores do banco e reuniu cerca de mil pessoas, que assistiram a uma apresentação do grupo Afroreggae. Barbosa chegou numa comitiva e foi diretamente à agência, sem circular pela favela.
A agência no interior da favela vai servir como um "modelo de aprendizagem" para o Santander, disse o vice-presidente-executivo de varejo, José Paiva Ferreira.
Ainda não há previsão de abertura de novas unidades em regiões carentes, mas Ferreira não escondeu que o banco pretende inaugurar agências do mesmo perfil.
Para abrir a conta na unidade do Complexo do Alemão, o cliente precisa ter renda de pelo menos um salário mínimo. Em outras agências, o Santander exige, em média, ganho de R$ 1.000.
O banco vai adequar também outras exigências, como a necessidade de comprovante de residência.
O executivo minimizou o risco de operar em uma favela dominada por traficantes armados. Segundo Ferreira, o Santander não vai adotar nenhum esquema especial de segurança.
"A comunidade não quer isso e nós desejamos apenas prestar um serviço de que eles necessitam. Esperamos não ter nenhum problema de segurança", observou.
A unidade do Alemão vai oferecer os mesmos serviços de outras agências, inclusive concessão de microcrédito.
O Santander vem incrementando ações junto às classes de renda mais baixas e prevê liberar, neste ano, R$ 280 milhões em empréstimos de pequeno porte.
O valor supera o montante liberado entre 2002 e 2009, que totalizou R$ 227 milhões.
O banco espanhol tem hoje 10 milhões de clientes no Brasil, dos quais 2,5 milhões têm renda de até R$ 600.
"Quando você abre uma agência onde não existe nenhuma, corre alguns riscos, mas também está abrindo oportunidades para que aquelas pessoas possam se sentir mais cidadãs", afirmou Barbosa.
De acordo com o presidente do Santander, o Complexo do Alemão foi escolhido devido à parceria com o Afroreggae, organização que surgiu em 1993 na favela de Vigário Geral após uma chacina que deixou 21 mortos.


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