São Paulo, domingo, 29 de maio de 2011

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Indústria de joias dribla a alta do ouro

Para não repassar integralmente aumento da matéria-prima, fabricantes usam mais pedras e design diferenciado

Bijuterias e folheados a ouro ganham espaço no mercado brasileiro; exportação brasileira de pedras está em alta

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

A indústria de joias está se reinventando para driblar a alta do ouro, que nos últimos dez anos acumula valorização superior a 400%.
Hoje, a onça-troy, o equivalente a apenas 31 gramas de ouro, vale cerca de US$ 1.500 no mercado internacional. Somente neste ano, o preço subiu 25%.
Para não repassar integralmente o aumento de preço da matéria-prima aos consumidores, o que poderia afugentá-los, os fabricantes de joias usam a criatividade.
"O design passou a utilizar menos ouro nos últimos anos", diz Hécliton Santini Henriques, presidente do IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos).
Designs com peças vazadas, pedras brasileiras -como turmalinas e ametistas- e outros materiais, como couro, madeira e sementes da Amazônia, ganharam espaço nos últimos anos.
"Estamos tentando nos adequar a este momento difícil com a valorização do design. As joias estão mais leves, bonitas, agregando pedras coloridas, o que as torna mais atrativas e com um custo interessante", diz Hugo Brüner, dono da Brüner, fabricante de joias e alianças.
Segundo ele, o aparecimento de mais opções de presentes às mulheres, como eletrônicos e viagens internacionais -favorecidas por um dólar mais barato, no caso do Brasil-, também é responsável pela queda na demanda por ouro.
Para contornar o momento desfavorável, as pedras também são a opção da mineira Vancox.
"Com as pedras brasileiras, pode-se fazer uma peça vistosa, com um preço razoável", diz Ricardo Bronfen, diretor da empresa de design e produção de joias.
De acordo com Bronfen, que também exporta suas peças, designers internacionais estão se interessando mais pelas pedras brasileiras, com a mesma estratégia.
No primeiro trimestre deste ano, as exportações de rubis, safiras e esmeraldas lapidadas tiveram aumento de 22% ante o mesmo período de 2010. Os dados são da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
As vendas de outras pedras lapidadas aumentaram 50% e os embarques de pedras preciosas em bruto tiveram acréscimo de 34%. Juntos, os três grupos exportaram o equivalente a US$ 38 milhões de janeiro a março.

NOVOS MERCADOS
Com a valorização do design, peças folheadas a ouro e bijuterias ganham mercado, diz Henriques, do IBGM.
"A alta do ouro beneficiou a nossa condição de trabalhar mais o design e o estilo das peças", afirma Gláucia Drager, diretora da Caredan, empresa de design e produção de folheados a ouro em Belo Horizonte.
A designer Camila Klein, que tem uma grife de bijuterias e folheados que leva o seu nome, diz que o faturamento de sua empresa cresceu cerca de 30% no ano passado, mas não revela o valor. A grife possui atualmente sete lojas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
"Cada vez mais, a joalheria vai perder espaço. Joias pesadas, com muito ouro, devem virar peças de museu", afirma. Além do maior custo de produção, a designer diz que o temor de roubo e o dinamismo da moda estão tornando as bijuterias mais atrativas do que as joias.


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