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Crédito subsidiado chega a 1/3 do total
Empréstimos com taxas controladas pelo governo, abaixo das de mercado, voltam a ganhar força após a crise
Para economistas, alta do crédito direcionado diminui a eficácia
da política de juros
do BC na economia
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
Os empréstimos com juros
subsidiados, que não acompanham a variação da taxa
básica fixada pelo Banco
Central, já respondem por
mais de um terço do crédito.
Desde 2004, o aumento do
crédito vinha sendo puxado
pelos empréstimos com recursos livres, a taxas de mercado. A tendência foi interrompida pela crise do final de
2008, quando o crédito direcionado voltou a ter força.
Esse crescimento vem sendo impulsionado pelos financiamentos imobiliários a
pessoas físicas e pelos empréstimos do BNDES a empresas, que respondem por
80% desses recursos. Nos últimos 12 meses, essas duas
modalidades tiveram alta de
50%, segundo dados do BC,
mais que o dobro da média.
Para alguns economistas,
a alta do crédito direcionado,
que hoje soma R$ 499 bilhões, reflete a escassez de
recursos para financiamentos de longo prazo e é um fator que reduz a eficácia da
política de juros do BC para
segurar o crescimento da
economia.
Outros avaliam que esse
último efeito não é significativo, pois a política monetária tem como objetivo frear o
consumo, financiado com taxas de curto e médio prazo. Já
o crédito direcionado serve a
operações de longo prazo,
como investimentos.
Neste ano, a taxa básica já
subiu duas vezes, de 8,75%
para 10,25% ao ano, e a expectativa é que possa chegar
a 12% nos próximos meses. O
objetivo do BC é tentar reduzir o ritmo de crescimento da
economia, que avançou 9%
no primeiro trimestre, e evitar que a inflação se afaste do
centro da meta, de 4,5%.
TAXAS CONTROLADAS
O crédito direcionado tem
como origem, principalmente, recursos dos trabalhadores e da caderneta de poupança. Por isso, sua destinação e taxas são controladas e
ficam abaixo dos juros praticados no mercado.
O BNDES, por exemplo,
utiliza como referência a
TJLP (Taxa de Juros de Longo
Prazo), que está em 6% ao
ano desde julho de 2009.
Para Rubens Sardenberg,
economista-chefe da Febraban (federação de bancos), o
aumento na participação do
crédito direcionado faz com
que o ajuste na taxa básica de
juros tenha de ser maior para
segurar o avanço da economia, pois parcela grande dos
empréstimos não é afetada
pela variação da Selic.
Ele afirma, porém, que esse crédito preenche uma lacuna importante, criada pela
falta de recursos para financiamentos de longo prazo.
Para o economista Robson
Gonçalves, da FGV, o direcionado não reduz a eficácia da
política monetária, já que esse crédito acaba sendo influenciado de forma indireta
pela variação da Selic.
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