São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 2011

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Fusão preocupa fornecedores e sindicatos

Com novo "gigante" do varejo, que teria cerca de 32% do mercado, indústria teme perder espaço em negociação

Comerciários querem discutir acordo para manter empregos, principalmente em áreas administrativas


DE SÃO PAULO

A possível aquisição da rede de supermercados Carrefour pelo grupo Pão de Açúcar preocupa fabricantes de eletroeletrônicos, alimentos e bebidas, que temem perder força nas negociações com o "gigante" do varejo que resultaria dessa união.
O negócio também causa apreensão aos sindicatos por conta de demissões nas áreas de sobreposição de lojas.
A concentração no setor varejista mina o poder de barganha da indústria e de produtores de alimentos, segundo relataram à Folha fornecedores do setor.
Hoje, as cinco maiores redes varejistas detêm 60% do mercado, segundo Claudio Felisoni, coordenador do Provar (Programa de Administração de Varejo, da Fia-USP). "Se a fusão de Carrefour e Pão de Açúcar se concretizar, essa nova empresa terá 32% do mercado."
Rogério Sobreira, professor de economia e finanças da FGV, concorda que o negócio pode trazer impactos negativos para fornecedores e consumidores. "O fornecedor é forçado a reduzir o preço [dos produtos], mas a empresa pode não repassar para o preço [final], aumentando sua margem de lucro."
Quando o grau de concentração do setor aumenta, diminui a competição por preços. Por isso, segundo ressaltam os especialistas, o papel do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) é essencial.
A possível união de Carrefour e Pão de Açúcar deve estimular novas fusões e aquisições, segundo especialistas em varejo e representantes da indústria.
"O Walmart, que é o mais afetado por essa união, deve se movimentar. Lojas regionais e pontos de venda que terão de ser fechados por esse novo gigante devem ficar na mira da rede norte-americana", diz Felisoni.

EMPREGO
O Sindicato dos Comerciários de São Paulo, que representa funcionários das duas redes de supermercados, pediu uma reunião com a direção do Pão de Açúcar e do Carrefour para discutir os impactos da fusão no emprego.
"Como as duas empresas têm sede em São Paulo, há cargos administrativos que devem se sobrepor. Queremos a manutenção de empregos, como ocorreu na fusão de Pão de Açúcar com Casas Bahia e Ponto Frio", diz Ricardo Patah, do sindicato.
São ao menos 2.000 funcionários do setor administrativo do Carrefour e 5.000 do Pão, segundo o sindicalista. (CLAUDIA ROLLI, TATIANA RESENDE E TONI SCIARRETTA)


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