São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2010

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ANÁLISE COMBUSTÍVEIS

Futuro do etanol é promissor, mas há obstáculos a enfrentar

THAÍS MARZOLA ZARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Mesmo com a recente descoberta de jazidas de petróleo não exploradas, o fato é que o petróleo é um recurso escasso, e o Brasil saiu na frente na produção de combustíveis alternativos, com o etanol encabeçando a lista.
A produção do combustível começou a ser incentivada em larga escala a partir do Proálcool, em 1975.
Desde então, houve uma época em que os carros movidos a etanol chegaram a fazer sucesso, mas a produção do combustível no Brasil sempre esteve, até recentemente, mais direcionada à complementação da gasolina.
Graças à proliferação dos carros bicombustíveis, especialmente a partir de 2004, a produção de etanol deslanchou no país.
Em 2006, o Brasil produziu 15,9 bilhões de litros de etanol. Já em 2009, essa cifra foi de 27,5 bilhões de litros. Ou seja, a produção cresceu 73% nesse período.
E o melhor, esse aumento não ocorreu à custa da redução da produção de açúcar.
Pelo contrário, ela cresceu 20%, passando de 25,9 milhões de toneladas em 2006 para 31 milhões de toneladas em 2009. Um salto e tanto, que permitiu ao Brasil se tornar o maior país produtor de cana-de-açúcar, superando a Índia.
Tais cifras sinalizam quão promissor é o futuro do setor.
Ainda assim, há desafios a serem enfrentados.
No mercado doméstico, a principal questão a ser solucionada refere-se às oscilações do preço do combustível entre os períodos de safra e de entressafra.
Contudo, o mercado em si é cativo e sua expansão é garantida pelo crescimento da frota de veículos, que está ocorrendo, em sua quase totalidade, calcada em veículos bicombustíveis.
No mercado externo, todavia, estão as maiores oportunidades e desafios.
A principal dificuldade enfrentada hoje pelo produto é a entrada nos mercados dos Estados Unidos e da União Europeia.
É que a imposição de tarifas torna o etanol brasileiro menos competitivo em relação ao produzido localmente, mesmo que a eficiência do brasileiro, derivado da cana-de-açúcar, seja muito maior que a do derivado de milho.
Já há propostas de um trabalho conjunto entre os dois maiores produtores mundiais de cana-de-açúcar (Brasil e Índia) para tentar negociar a redução dessas barreiras e tornar o etanol uma commodity global.
Seria uma alternativa sustentável de energia de baixo carbono em substituição ao petróleo. Mas ainda é preciso avançar nessa área.
Por fim, o maior desafio do setor é a geração de bioeletricidade, iniciativa incipiente que, se prosperar, pode realmente transformar o país num imenso tapete verde.


THAÍS MARZOLA ZARA é economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados e mestre em economia pela USP.


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