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China deverá retomar exportações de minerais raros
Após bloquear embarques desde setembro, autoridades alfandegárias permitiram, sem explicação, a retomada
KEITH BRADSHER
DO "NEW YORK TIMES",
EM BAITOU, CHINA
O governo chinês encerrou
abruptamente ontem o embargo não anunciado às exportações de minerais estratégicos cruciais a EUA, Europa e Japão, ainda que embarques a este último tenham
enfrentado inspeções adicionais e alguns atrasos, reportaram executivos do setor.
Após bloquear embarques
de minerais raros ao Japão
desde 21 de setembro, e a
EUA e Europa desde o último
dia 18, autoridades alfandegárias chinesas permitiram,
sem explicação, que os embarques fossem retomados.
A decisão surgiu um dia e
meio depois que a secretária
de Estado dos EUA, Hilary
Clinton, anunciou planos de
visitar a China amanhã. Ela
se reuniu na quarta, em Honolulu, com autoridades japonesas e anunciou que a
suspensão dos embarques
havia sido "um sinal de alerta" e que ambos os países teriam de procurar fornecedores alternativos.
A China produz 95% dos
minerais raros do mundo, essenciais em produtos de alta
tecnologia. Já era meio-dia
na China quando Hilary discursou, e os embarques já haviam sido retomados.
Importantes funcionários
do Ministério do Comércio,
que responde pela política de
comércio externo do país, insistiram em que a organização não havia promulgado
regulamentos que suspendessem os embarques.
Sugeriram que a suspensão representava uma decisão espontânea ou simultânea dos 32 exportadores chineses, de não realizar os embarques devido à deterioração no relacionamento entre
China e Japão, ou uma aplicação mais rigorosa das normas alfandegárias.
REDUÇÃO DE COTAS
Mesmo depois que os inspetores alfandegários começaram a permitir que os contêineres carregando minerais
deixassem as docas chinesas, os compradores estrangeiros continuaram a enfrentar um segundo problema.
A China vem reduzindo
suas cotas de exportação de
minerais raros nos últimos
cinco anos, de modo que eles
hoje ficam abaixo da demanda mundial.
Não restam mais que alguns milhares de toneladas a
serem embarcadas sob a cota
deste ano, de 30,3 mil toneladas de embarques autorizados. A demanda mundial por
terras raras chinesas se aproxima de 50 mil toneladas
anuais, de acordo com estimativas setoriais.
O neodímio, mineral usado para produzir ímãs poderosos e leves, essenciais a
produtos como turbinas eólicas, carros híbridos e celulares (como o iPhone), está
sendo vendido na China por
US$ 40 mil a tonelada.
O preço é duas vezes mais
alto fora do país, devido às
restrições de exportação, de
acordo com números do Metal Pages, um serviço de banco de dados em Londres.
A suspensão das exportações pela China causou muito mais incômodo no Japão, e
não apenas porque os embarques ao país foram suspensos mais cedo.
A China só impõe cotas de
exportação a embarques nos
quais o teor de minerais raros
seja superior a 50%. E o Japão é o maior importador de
minerais raros brutos (o país
tende a produzir materiais
industriais em seu território).
A suspensão nos embarques -tomada após o Japão
deter o capitão de um pesqueiro chinês que colidiu
com lanchas de patrulha japonesas, perto de ilhas disputadas entre os dois países- teve certos benefícios
geopolíticos para a China.
No entanto, a disposição
chinesa de jogar duro economicamente pode ter efeitos
adversos em longo prazo, caso leve as multinacionais a
reduzir sua dependência
quanto à produção na China
e a distribuir seus investimentos entre mais países.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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