São Paulo, segunda-feira, 29 de novembro de 2010

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FINANÇAS PESSOAIS

MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Casal precisa saber "discutir a relação" com o dinheiro

É complicado falar de dinheiro com amigos, em família, com colegas de trabalho e até mesmo na intimidade de um casal.
Aprendemos a falar de sexo, um assunto antes intocável, pela necessidade da prevenção e do controle da Aids. Mas dinheiro continua sendo um tabu, assunto proibido, uma conversa difícil mesmo quando o nosso interlocutor é o espelho.
Não existe verdade absoluta sobre o tema, mas quero propor algumas reflexões a respeito das finanças de um casal, pedindo licença pela intromissão.
Trata-se de uma conversa nada romântica, mas o casal precisa falar abertamente sobre a forma como cada um se relaciona como o dinheiro, e como será essa relação depois do casamento. O casamento é um projeto de vida que reúne duas pessoas que querem compartilhar, juntas, muitos projetos. Serão cúmplices, amigos, amantes, viverão um pelo outro, para o que der e vier.
Muitos dos projetos que o casal deseja construir exigem capital: morar juntos ou em casas separadas exige capital; educar os filhos exige capital; viver com segurança e com conforto exige capital.
A maioria dos casais hoje é constituída por pessoas independentes, que geram a própria renda e financiam hábitos saudáveis e outros nem tanto. Aos olhos do(a) parceiro(a), podem parecer pura perda de tempo e dinheiro.
O casamento não anula a individualidade de cada um e os projetos do casal se juntar aos projetos individuais.
Formação acadêmica continuada, cursos para o desenvolvimento profissional, viagem para o exterior para aprendizado de outros idiomas são alguns exemplos de projetos que podem envolver apenas um dos membros do casal em determinada época.
É preciso planejar e separar o dinheiro que financia os projetos de vida do casal dos projetos e reservas individuais. É muito provável que a renda de um seja maior do que a renda do outro.
Nesse caso, para que o esforço de poupança de ambos seja equivalente, uma alternativa seria definir um mesmo percentual da renda de cada um (75%, por exemplo) que será depositado em uma conta conjunta, cujos recursos serão destinados a custear o orçamento doméstico e os projetos futuros do casal.
Exemplificando: se José ganha R$ 2.000, contribuirá com R$ 1.500 e Maria, que ganha R$ 3.000, contribuirá com R$ 2.250. Quando José for promovido e seu salário de R$ 4.000 superar o de Maria, contribuirá com R$ 3.000 para o caixa do casal.
A destinação dos recursos poupados nessa conta conjunta deve ser definida de comum acordo, já que ambos querem e concordam com a mesma coisa.
Em primeiro lugar, custear as despesas do orçamento: moradia, alimentação, transporte, saúde, serviços públicos, enfim, o básico.
Em segundo lugar, dinheiro para construírem juntos o futuro: a compra da sonhada casa própria, a escola das crianças, o carro novo, a viagem de férias -e por aí vai. Os outros 25% da renda de cada um podem ser destinados a uma conta individual.
Gaste como quiser, com as coisas que só você quer ou precisa, sem ter de dar explicações ao outro.

QUEM "GASTA" MELHOR?
A mulher costuma gastar mensalmente uma quantia nada desprezível no salão de beleza. Seus gastos com roupas e acessórios tendem a ser bem superior ao do homem.
A mulher também adora presentear a si mesma e aos outros. Gasta com a casa, que nunca parece estar decorada do jeito que ela quer e sempre tem um objeto ou móvel que vai deixar a casa ainda mais bonita. Cremes e maquiagem, então? Outra pequena fortuna. Na opinião dos homens, tudo bobagem.
Os homens, por sua vez, gastam com outras "coisinhas": o carro, ah! o carro, uma das maiores paixões masculinas; aparelhos eletrônicos em geral também exercem um poder sobrenatural sobre os homens, dada a frequência com que trocam o celular, o computador, o aparelho de imagem e som; os jogos de futebol e a cervejada em comemoração com os amigos. Na opinião das mulheres, tudo bobagem.
Quem tem razão? Qual dos dois sabe "gastar" melhor? Não tem certo e errado nessa história. Não tem ganhador e perdedor.
O casal será feliz e viverá em paz, em termos financeiros, se o acordo tiver sido feito antes de o jogo começar. Conta conjunta foi apenas um exemplo de como organizar as finanças do casal. O que funciona no seu caso?
Vocês saberão o que fazer depois de sentarem para "discutir a relação com o dinheiro". E leve isso a sério porque, cá entre nós, não há amor que resista a problemas financeiros.


MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.


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