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FINANÇAS PESSOAIS
MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br
Casal precisa saber "discutir a relação" com o dinheiro
É complicado falar de dinheiro com amigos, em família, com colegas de trabalho e
até mesmo na intimidade de
um casal.
Aprendemos a falar de sexo, um assunto antes intocável, pela necessidade da prevenção e do controle da Aids.
Mas dinheiro continua
sendo um tabu, assunto proibido, uma conversa difícil
mesmo quando o nosso interlocutor é o espelho.
Não existe verdade absoluta sobre o tema, mas quero
propor algumas reflexões a
respeito das finanças de um
casal, pedindo licença pela
intromissão.
Trata-se de uma conversa
nada romântica, mas o casal
precisa falar abertamente sobre a forma como cada um se
relaciona como o dinheiro, e
como será essa relação depois do casamento.
O casamento é um projeto
de vida que reúne duas pessoas que querem compartilhar, juntas, muitos projetos.
Serão cúmplices, amigos,
amantes, viverão um pelo
outro, para o que der e vier.
Muitos dos projetos que o
casal deseja construir exigem capital: morar juntos ou
em casas separadas exige capital; educar os filhos exige
capital; viver com segurança
e com conforto exige capital.
A maioria dos casais hoje é
constituída por pessoas independentes, que geram a própria renda e financiam hábitos saudáveis e outros nem
tanto. Aos olhos do(a) parceiro(a), podem parecer pura
perda de tempo e dinheiro.
O casamento não anula a
individualidade de cada um
e os projetos do casal se juntar aos projetos individuais.
Formação acadêmica continuada, cursos para o desenvolvimento profissional, viagem para o exterior para
aprendizado de outros idiomas são alguns exemplos de
projetos que podem envolver
apenas um dos membros do
casal em determinada época.
É preciso planejar e separar o dinheiro que financia os
projetos de vida do casal dos
projetos e reservas individuais. É muito provável que a
renda de um seja maior do
que a renda do outro.
Nesse caso, para que o esforço de poupança de ambos
seja equivalente, uma alternativa seria definir um mesmo percentual da renda de
cada um (75%, por exemplo)
que será depositado em uma
conta conjunta, cujos recursos serão destinados a custear o orçamento doméstico e
os projetos futuros do casal.
Exemplificando: se José
ganha R$ 2.000, contribuirá
com R$ 1.500 e Maria, que ganha R$ 3.000, contribuirá
com R$ 2.250. Quando José
for promovido e seu salário
de R$ 4.000 superar o de Maria, contribuirá com R$ 3.000
para o caixa do casal.
A destinação dos recursos
poupados nessa conta conjunta deve ser definida de comum acordo, já que ambos
querem e concordam com a
mesma coisa.
Em primeiro lugar, custear
as despesas do orçamento:
moradia, alimentação, transporte, saúde, serviços públicos, enfim, o básico.
Em segundo lugar, dinheiro para construírem juntos o
futuro: a compra da sonhada
casa própria, a escola das
crianças, o carro novo, a viagem de férias -e por aí vai.
Os outros 25% da renda de
cada um podem ser destinados a uma conta individual.
Gaste como quiser, com as
coisas que só você quer ou
precisa, sem ter de dar explicações ao outro.
QUEM "GASTA" MELHOR?
A mulher costuma gastar
mensalmente uma quantia
nada desprezível no salão de
beleza. Seus gastos com roupas e acessórios tendem a ser
bem superior ao do homem.
A mulher também adora
presentear a si mesma e aos
outros. Gasta com a casa, que
nunca parece estar decorada
do jeito que ela quer e sempre
tem um objeto ou móvel que
vai deixar a casa ainda mais
bonita. Cremes e maquiagem, então? Outra pequena
fortuna. Na opinião dos homens, tudo bobagem.
Os homens, por sua vez,
gastam com outras "coisinhas": o carro, ah! o carro,
uma das maiores paixões
masculinas; aparelhos eletrônicos em geral também
exercem um poder sobrenatural sobre os homens, dada
a frequência com que trocam
o celular, o computador, o
aparelho de imagem e som;
os jogos de futebol e a cervejada em comemoração com
os amigos. Na opinião das
mulheres, tudo bobagem.
Quem tem razão? Qual dos
dois sabe "gastar" melhor?
Não tem certo e errado
nessa história. Não tem ganhador e perdedor.
O casal será feliz e viverá
em paz, em termos financeiros, se o acordo tiver sido feito antes de o jogo começar.
Conta conjunta foi apenas
um exemplo de como organizar as finanças do casal. O
que funciona no seu caso?
Vocês saberão o que fazer
depois de sentarem para
"discutir a relação com o dinheiro". E leve isso a sério
porque, cá entre nós, não há
amor que resista a problemas
financeiros.
MARCIA DESSEN, Certified Financial
Planner, é sócia e diretora-executiva do
BMI Brazilian Management Institute,
professora convidada da Fundação Dom
Cabral e cofundadora do Instituto
Brasileiro de Certificação de Profissionais
Financeiros.
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