São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Promessa de Dilma anima mundo fashion

Proposta de incentivo feita pela presidente traz expectativa de ganhos de eficiência à indústria do vestuário

Políticas do governo podem amenizar falta de padrão dos produtos, entrave para maior atuação no exterior

CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO

Quem já não viveu a situação de, na hora de comprar uma roupa, deparar-se, em uma mesma loja, com peças idênticas em modelo e numeração, mas de tamanho completamente diferentes?
A falta de um padrão de qualidade é um dos entraves para que a moda brasileira ganhe mais terreno no mercado internacional. E o simples estabelecimento de regras de padronização -que estão, aliás, sendo discutidas- deve ser insuficiente para resolver o caso.
Varejistas atribuem o problema ao "fracionamento" da indústria de vestuário.
Ou seja, muitas pequenas e médias fábricas espalhadas pelo país, sem homogeneidade de tecnologia e treinamento de funcionários, trabalhando na linha de confecção de um mesmo produto.
Um quadro que, na avaliação de participantes do mercado da moda -desde a indústria até o varejo, passando por estilistas-, pode ser amenizado com políticas de incentivo ao desenvolvimento dessas empresas (como financiamentos e revisão de tributos), prometidas ao setor por Dilma Rousseff na semana passada.
O setor fashion foi um dos primeiros chamados por Dilma para uma conversa. E tem boas expectativas.
"Hoje, como a indústria não consegue crescer, dezenas de pequenas empresas se envolvem na produção de um mesmo item", diz José Galló, presidente das Lojas Renner, uma das maiores de departamento do país, com 134 unidades e faturamento de R$ 3 bilhões em 2009.
"No modelo atual, uma parte corta o tecido e outras 30 fábricas diferentes vão costurar. Não dá para ter uniformidade do produto final."
A Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) afirma que os produtos brasileiros têm qualidade e que o país é líder em vários setores, como malharia, moda praia e jeans.
"Há tradição de importação em alguns nichos de mercado, como o de tecidos sintéticos", diz Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit. "Mas acredito que, com o pré-sal, o Brasil terá condição de produzir mais esse tipo de matéria-prima", acrescenta.

EMPREENDEDORISMO
Mas a associação admite que a indústria é pulverizada. E diz que isso é fruto "da falta de condições para crescer". De acordo com Pimentel, muitos empresários "se acomodam" no pequeno porte, com receita anual de até R$ 2,4 milhões, para não sair do Simples (sistema de tributação diferenciado).
"É preciso reduzir impostos e desonerar o custo do emprego para estimular o empreendedorismo", diz.
A Abvtex (Associação Brasileira do Varejo Têxtil) diz que o setor varejista cresceu dois dígitos em 2010 e vai continuar se expandindo com a demanda interna.
Sylvio Mandel, presidente da Abvtex, destaca que o país tem tudo para se consolidar na moda: matéria-prima (como algodão), estilistas, indústria e mercado consumidor. "Mas é preciso aumentar a escala de produção."


Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Baixeza política, inflação e juros
Próximo Texto: Para setor, dólar fraco "corrói" tarifa de importação
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.