São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2011

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EUA apostam em carro compartilhado

Com onda verde e crise, mais companhias oferecem serviço em que o usuário paga apenas pelas horas de uso

Cada vez mais empresas e instituições, como Prefeitura de NY, usam serviço como opção para o "carro da firma"

Guenter Schiffmann - 10.jan.11/Bloomberg
Estacionamento de "car2go" na Alemanha; usuário pode pagar anualidade ou mensalidade com cota de horas embutida

LUCIANA COELHO
EM BOSTON

A crise e a maior consciência ambiental abastecem nos EUA um novo negócio: o compartilhamento de carros, com serviços que funcionam como um clube no qual o associado é cobrado apenas pelas horas em que efetivamente usou o veículo.
Em dois anos, o mercado dobrou para, estima-se, 600 mil usuários.
Diferentemente do aluguel tradicional, em que há tarifa diária, no compartilhamento o usuário paga para usar um dos carros do serviço uma anualidade ou mensalidade -neste último caso, há cota de horas embutida. Seguro e gasolina estão inclusos.
O público-chave para empresas como a Zipcar, que domina o setor e conta com mais de 500 mil associados e 8.000 veículos, é de universitários, jovens famílias e casais em grandes cidades, onde transporte público é farto e garagem é rara (e cara).
Mas cada vez mais empresas e instituições adotam o serviço para substituir o "carro da firma". A Prefeitura de Nova York se somou em outubro aos 10 mil contratos do tipo da Zipcar e anunciou um acordo-piloto para poupar US$ 500 mil (R$ 843 mil) em quatro anos.
Um estudo da consultoria britânica Frost & Sullivan citado pela revista "Economist" prevê que o mercado de compartilhamento movimentará US$ 6 bilhões (R$ 10,1 bilhões) e terá 10 milhões de usuários até 2016. Metade desse volume virá dos Estados Unidos.
De olho nesses números, a Hertz, líder no aluguel tradicional com a Avis, lançou em 2009 o Connect by Hertz, que segue o molde da Zipcar.
Fabricantes também estão atentos: a alemã Daimler, que produz o smart, lançou no fim de 2009 um serviço que oferece exclusivamente o carrinho, o "car2go". Por ora, além da Alemanha, opera apenas em Austin, Texas. Mas há planos de expansão.
A empresa de Cambridge, na grande Boston (Massachusetts), tinha 42 carros quando surgiu, em 2000, inspirada em programas da Europa. Hoje, está em mais de 90 cidades dos EUA, em Londres, em Montréal e em Toronto.
"Gostamos de fazer viagens bate-e-volta, e usar uma companhia típica sai caro, pois é preciso alugar o carro pelo dia todo", disse à Folha o banqueiro de investimentos Enrique Bernales, 32, que vive em Nova York com a mulher e o filho de um ano.

NA HORA
O imediatismo e a hipermobilidade são uma das bases do serviço. Para alugar um carro, é possível reservá-lo on-line minutos antes do horário desejado -há aplicativos para BlackBerry e iPhone que permitem não só a reserva mas sua alteração.
"Não ter que lidar com uma pessoa nem uma fila conta muito", afirma a designer Juliana Freitas, 31, que vive em Nova York e usa o serviço há quatro anos com o marido e o filho.
No prédio onde mora, a garagem custa US$ 400 ( R$ 674) ao mês -mais do que o leasing de um carro médio.
"Eu gostaria de me dar o luxo [de ter um carro], mas meu marido acha que carro dá muita dor de cabeça e que não usamos o suficiente para fazer os números baterem."
Os veículos ficam espalhados em estacionamentos de universidades, shoppings, empresas e até postos de gasolina, em vagas cativas.
O usuário recebe um cartão ao se associar e o utiliza para destrancar os carros.


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