São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Bradesco quer mudar edital do Banco Postal

Sugestões são feitas em meio à sucessão na Vale

ANDREZA MATAIS
LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA

O Bradesco negocia com o governo uma série de alterações no edital de licitação do Banco Postal pelos Correios. As mudanças foram apresentadas no momento em que o governo e o banco acertam a sucessão na Vale.
Bradesco, governo federal e fundos de pensão patrocinados por estatais são os maiores acionistas da mineradora. Para mudar o comando da empresa, como deseja o governo, é necessária a concordância do banco para chegar aos 75% de apoio dos acionistas.
Os Correios planejam fazer o leilão de escolha da instituição que prestará os serviços bancários em suas agências nos próximos meses. A licitação deverá ficar em pelo menos R$ 1,75 bilhão.
O Banco Postal é hoje exclusividade do Bradesco e permite uma arrecadação bilionária, além de acesso aos cidadãos das classes C e D.
Segundo documentos dos Correios, em 2009 o Banco Postal movimentou R$ 18 bilhões. Em média, foram abertas 4.500 contas por dia desde 2001, quando o Bradesco assumiu o negócio.
O banco ficará com essas contas mesmo se não ganhar a licitação.
No mês passado, quando as negociações sobre a sucessão na Vale se intensificaram, o Bradesco sugeriu 19 alterações no edital, mas os Correios aceitaram estudar quatro, como retirar a obrigação de colocar a marca Banco Postal nos cartões de débito.
Foi rejeitada, nessa fase, a sugestão de diminuir o valor mínimo anual pago aos Correios -de R$ 337 milhões para R$ 282 milhões.
Em 2010, o Bradesco repassou cerca de R$ 350 milhões relativos aos serviços do Banco Postal.

DISPUTA
O contrato do Bradesco com os Correios termina no fim do ano e a disputa já atraiu o interesse dos concorrentes Itaú Unibanco, Santander, HSBC, Banco do Brasil, BRB e Caixa Econômica Federal.
Além do Bradesco, o BRB fez sugestões. O banco queria que os Correios aceitassem a participação de consórcios, o que foi negado. Os demais bancos só fizeram perguntas.
Entre as alterações nas regras que o Bradesco negocia, está o direito de o vencedor do leilão ter exclusividade sobre o lançamento do cartão de crédito com a marca dos Correios. Outra reivindicação é ter a administração de um cartão pré-pago que a estatal planeja lançar.
O Bradesco sugeriu ainda que os Correios invistam em segurança nas agências.
Procurado pela Folha, o Bradesco disse, por meio de sua assessoria, que não comentará o assunto.
Os Correios informaram que não há previsão de quando a versão final do edital ficará pronta e que, por se tratar de um processo de concorrência, não poderia adiantar se as sugestões dadas na consulta pública serão acatadas.
No início do ano, o presidente da estatal, Wagner Pinheiro, afirmara à Folha que o leilão deverá ocorrer em junho.
Os ministros da Casa Civil, Antonio Palocci, e das Comunicações, Paulo Bernardo, foram procurados, mas não responderam às ligações até o fechamento desta edição.


Texto Anterior: Bradesco decide indicar Tito Martins para a Vale
Próximo Texto: Agnelli tentou negociar uma "saída honrosa" com o governo
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.