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Pequim e Taiwan assinam pacto comercial
Acordo foi o maior gesto de reaproximação desde a sangrenta guerra 61 anos atrás
DE PEQUIM
China e Taiwan assinaram
ontem um histórico acordo
comercial, no maior gesto de
reaproximação entre os dois
lados desde a sangrenta
guerra que os separou, 61
anos atrás.
O pacto tem sido visto como mais favorável a Taiwan,
a quem a China considera
uma Província rebelde.
Ao mesmo tempo em que
mantém 1.300 mísseis apontados para a ilha, Pequim
concordou em dar preferências tarifárias em aproximadamente 15% do que é exportado ao continente.
A contrapartida taiwanesa
é menor -10,5% dos produtos da pauta de exportação
chinesa à ilha terão tarifas reduzidas ou zeradas. Essas
primeiras medidas, chamadas de "programa de primeira colheita", entram em vigor
dentro de seis meses.
NOVA RODADA
O pacto, chamado de Acordo Marco de Cooperação Econômica (ECFA, na sigla em
inglês), prevê ainda a negociação de um acordo maior,
incluindo áreas como commodities, serviços e investimento. As conversas serão
retomadas após seis meses.
O acordo tem um grande
cálculo político dos dois lados. Para o governo do presidente taiwanês Ma Ying-jeou, o ECFA pode abrir as
portas para pactos do gênero
com EUA ou União Europeia.
Apenas 23 países reconhecem Taiwan, que tem apenas
cinco acordos comerciais
com países latino-americanos, representando menos
de 1% do seu comércio -o
Brasil reconhece a "política
de uma só China" e desde
1974 mantém relações diplomáticas com Pequim.
Já Pequim vê o acordo uma
forma de angariar mais apoio
em Taiwan para a reunificação, depois de décadas de
ameaças de uso militar.
"Podemos desistir dos
nossos lucros", disse o premiê Wen Jiabao, em fevereiro. "Os compatriotas taiwaneses são nossos irmãos."
Para Du Qiao Xia, do Instituto Chung-hua de Pesquisa
Econômica, o acordo é meramente comercial, já que os
dois lados não chegaram a
nenhum consenso sobre o
"status político" da ilha, separada do continente por 160
km de mar e com uma população de 23 milhões.
Um estudo de seu instituto
prevê um crescimento anual
de 1,8% do PIB caso o pacto
englobe todo o comércio bilateral. Com o acordo de ontem, a projeção cai para 15%
desse percentual, afirmou a
economista, por telefone.
Para Wang Yong, da chinesa Universidade Xiamen, o
acordo melhora as relações
entre os dois governos.
O acordo ratifica a recente
integração econômica de
Taiwan com a China, seu
principal parceiro comercial.
As empresas da ilha já investiram US$ 100 bilhões no
gigante asiático, e semanalmente há 370 vôos comerciais diretos -até pouco tempo atrás, só era possível viajar via Hong Kong.
(FM)
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