São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2010

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Pequim e Taiwan assinam pacto comercial

Acordo foi o maior gesto de reaproximação desde a sangrenta guerra 61 anos atrás

DE PEQUIM

China e Taiwan assinaram ontem um histórico acordo comercial, no maior gesto de reaproximação entre os dois lados desde a sangrenta guerra que os separou, 61 anos atrás.
O pacto tem sido visto como mais favorável a Taiwan, a quem a China considera uma Província rebelde.
Ao mesmo tempo em que mantém 1.300 mísseis apontados para a ilha, Pequim concordou em dar preferências tarifárias em aproximadamente 15% do que é exportado ao continente.
A contrapartida taiwanesa é menor -10,5% dos produtos da pauta de exportação chinesa à ilha terão tarifas reduzidas ou zeradas. Essas primeiras medidas, chamadas de "programa de primeira colheita", entram em vigor dentro de seis meses.

NOVA RODADA
O pacto, chamado de Acordo Marco de Cooperação Econômica (ECFA, na sigla em inglês), prevê ainda a negociação de um acordo maior, incluindo áreas como commodities, serviços e investimento. As conversas serão retomadas após seis meses.
O acordo tem um grande cálculo político dos dois lados. Para o governo do presidente taiwanês Ma Ying-jeou, o ECFA pode abrir as portas para pactos do gênero com EUA ou União Europeia.
Apenas 23 países reconhecem Taiwan, que tem apenas cinco acordos comerciais com países latino-americanos, representando menos de 1% do seu comércio -o Brasil reconhece a "política de uma só China" e desde 1974 mantém relações diplomáticas com Pequim.
Já Pequim vê o acordo uma forma de angariar mais apoio em Taiwan para a reunificação, depois de décadas de ameaças de uso militar.
"Podemos desistir dos nossos lucros", disse o premiê Wen Jiabao, em fevereiro. "Os compatriotas taiwaneses são nossos irmãos."
Para Du Qiao Xia, do Instituto Chung-hua de Pesquisa Econômica, o acordo é meramente comercial, já que os dois lados não chegaram a nenhum consenso sobre o "status político" da ilha, separada do continente por 160 km de mar e com uma população de 23 milhões.
Um estudo de seu instituto prevê um crescimento anual de 1,8% do PIB caso o pacto englobe todo o comércio bilateral. Com o acordo de ontem, a projeção cai para 15% desse percentual, afirmou a economista, por telefone.
Para Wang Yong, da chinesa Universidade Xiamen, o acordo melhora as relações entre os dois governos.
O acordo ratifica a recente integração econômica de Taiwan com a China, seu principal parceiro comercial.
As empresas da ilha já investiram US$ 100 bilhões no gigante asiático, e semanalmente há 370 vôos comerciais diretos -até pouco tempo atrás, só era possível viajar via Hong Kong. (FM)


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