São Paulo, sábado, 30 de julho de 2011

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Dilma pede 'ousadia' em política industrial

Pacote pode promover desoneração superior a R$ 45 bilhões, mais da metade da arrecadação mensal da Receita

Ministério da Fazenda resiste à intenção de ampliar desonerações; presidente insiste em que plano saia na terça

ANA FLOR
ANA CAROLINA OLIVEIRA

DE BRASÍLIA

Em uma reunião tensa na manhã de ontem para fechar a nova política industrial do governo, a presidente Dilma Rousseff pediu mais "ousadia" aos ministros. Afirmou ainda que não aceitará uma proposta de desoneração que considere "pífia".
Insatisfeita com os resultados, a presidente marcou uma nova reunião para a manhã de hoje com os ministros da área e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
O principal embate se deu com o ministro Guido Mantega (Fazenda). A Folha apurou que ele tem resistido à ideia de o governo ampliar o índice de desoneração para setores da indústria.
Mantega queria adiar o anúncio das políticas de estímulo à indústria -marcado para terça. Dilma não admitiu e pediu que o grupo trabalhasse para fechar os números no fim de semana.
Segundo um ministro, a presidente quer dar atenção a setores considerados estratégicos para o desenvolvimento do país: automotivo, têxtil, calçados, máquinas, químico e de inovação.
Mantega teria mostrado sua insatisfação com pontos já acordados durante suas férias e acabou advertido por Dilma, pois a Fazenda teve representante em todos os encontros -o secretário-executivo, Nelson Barbosa.
Após a reunião, Mantega almoçou com Coutinho e, à tarde, reuniu-se com setores que devem ser inicialmente beneficiados nesta política industrial. A Anfavea (entidade das montadoras) foi a primeira a ser chamada.
Dilma tocou no assunto diversas vezes durante o encontro com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
Nos discursos do Planalto e no Itamaraty, disse que a região precisa se preparar para conter a "avalanche de produtos manufaturados" que deixarão de entrar nos mercados dos países desenvolvidos com a crise financeira na Europa e nos EUA.

DESONERAÇÃO
A política industrial do governo Dilma pode promover desoneração superior a R$ 45 bilhões em quatro anos, entre 2012 e 2015.
O valor equivale a um pouco mais da metade da arrecadação mensal da Receita, que neste ano tem ficado na média em R$ 70 bilhões.
Dilma se mostrou sensibilizada com o discurso do empresário Jorge Gerdau, que comanda a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade criada no início do ano pelo governo.
Na terça passada, Gerdau se disse preocupado com a política econômica brasileira, que pode ser "confortável no curto prazo", mas que, no longo prazo, pode trazer consequências negativas, como a desindustrialização.
Os ministros Mantega e Fernando Pimentel (Desenvolvimento) voltaram a se reunir na noite de ontem.


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