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Contas públicas ficam longe de meta estipulada pelo governo em 2010
Para superavit ser de 3,3% do PIB, setor público precisa poupar mais R$ 45 bi até dezembro
Governo faz manobras contábeis para cumprir compromisso; dívida bruta cresce e atinge o valor de R$ 2 trilhões
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
Apesar do esforço do governo para aumentar o caixa
do Tesouro Nacional com dividendos de empresas estatais, o resultado das contas
públicas ficou mais distante
da meta fixada para 2010.
A economia do setor público para pagar os juros da dívida (superavit primário)
acumulada nos 12 meses encerrados em agosto recuou
pelo quarto mês consecutivo
na comparação com o PIB
(soma dos bens e serviços
produzidos no país).
Ficou em 2,01%, segundo
dados do Banco Central, distante da meta de 3,3% fixada
pelo governo federal.
Em agosto, o superavit ficou em R$ 5,2 bilhões, acima
dos R$ 2,5 bilhões em julho.
A economia foi garantida pela antecipação de dividendos
das estatais para a União.
O resultado do mês passado só não foi maior devido ao
aumento no deficit da Previdência. Além da primeira
parcela do 13º dos beneficiários, o governo pagou a diferença retroativa ao reajuste
aprovado pelo Congresso.
No acumulado do ano, o
resultado cresceu quase 10%
em termos nominais, para
R$ 48 bilhões. Mas recuou
em relação ao PIB para
2,07% -critério usado pelo
governo para fixar sua meta.
A economia do setor público vem crescendo abaixo dos
juros devidos, principalmente por causa dos gastos no
ano eleitoral.
O secretário do Tesouro
Nacional, Arno Augustin,
afirmou que o governo vai
cumprir a meta do ano. Para
isso, deve contar com mais
de R$ 30 bilhões, que virão
da capitalização da Petrobras concluída neste mês.
Desde o ano passado, o governo tem realizado várias
manobras contábeis para
cumprir a meta de superavit.
Entre elas reduzir a própria
meta e descontar os investimentos do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
DÍVIDA
A carga de juros acumulada em 12 meses está hoje no
maior patamar desde novembro de 2009, em 5,4% do PIB.
Com isso, a dívida pública
vem crescendo em termos
nominais e já chega a R$ 1,42
trilhão. Na comparação com
o PIB, a dívida líquida se estabilizou nos últimos meses
em 41,4%, já que o crescimento desse indicador vem
acompanhando o ritmo acelerado da economia.
Apesar da estabilidade na
dívida líquida, o BC espera
um aumento da dívida bruta
em setembro por conta do
novo empréstimo do Tesouro
Nacional ao BNDES, de até
R$ 30 bilhões, por causa da
participação do banco na capitalização da Petrobras.
A dívida bruta cresceu
50% desde 2006, puxada pelos empréstimos ao BNDES e
pelas compras de dólares feitas pelo Banco Central, e ultrapassou o patamar recorde
de R$ 2 trilhões.
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