São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011

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IPI deve cair para quem instalar montadora

Dilma não vai revogar aumento de imposto, mas deve autorizar benefício para quem instalar fábrica no Brasil

Por imposto menor, cronograma escalonado visa atingir 65% de componentes nacionais a médio prazo


VALDO CRUZ
ANA FLOR

DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff não vai revogar o aumento de IPI sobre carros importados, mas já mandou sua equipe negociar um regime diferenciado para as montadoras estrangeiras que instalarem fábricas no país.
Segundo a Folha apurou, Dilma deu sinal verde para aliviar montadoras do imposto mais alto desde que instalem unidades no Brasil e se comprometam com um cronograma escalonado para atingir no médio prazo 65% de componentes locais.
Assessores presidenciais disseram à Folha que já há negociações com a coreana Hyundai e a alemã BMW. Elas vão apresentar proposta fixando o prazo em que atingiriam o percentual de conteúdo local para escaparem do aumento de 30 pontos no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Representantes da chinesa JAC Motors também estão interessados em participar das negociações e discutem uma proposta com a matriz. Segundo um assessor, a ideia é que existam dois regimes: um para montadora sem fábrica no país, com IPI mais alto; outro para empresas já presentes no Brasil ou em processo de instalação.
Nesse segundo caso, quem já cumprir a exigência de produzir carros com 65% de componentes nacionais ficará isento do aumento de IPI. Quem estiver instalando fábrica deve ter um modelo escalonado ainda em discussão na Receita Federal.
A presidente encarregou o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) de comandar as negociações com as montadoras estrangeiras.

PIRATARIA
Ontem, durante entrevista ao programa "Hoje em Dia", da TV Record, Dilma voltou a defender o aumento do IPI como medida para proteger o emprego no país, afirmando ainda que seu governo não irá permitir "pirataria" de outros países.
"Nós estamos protegendo emprego brasileiro. Eu não tenho nenhum compromisso de gerar emprego lá fora", afirmou, ao comentar que não irá recuar da medida.
Ao rebater as críticas, Dilma disse que "estavam simplesmente montando e usando mecanismos para importar e usar o nosso mercado interno", acrescentando que, "enquanto depender deste governo, [o mercado brasileiro] não será objeto de pirataria por país nenhum". "As empresas que querem seriamente se estabelecer no Brasil para produzir carros com conteúdo nacional, com inovação tecnológica e que fizerem propostas, vamos examinar", disse Pimentel.
A elevação do tributo foi anunciada no dia 15.
A alta foi de 30 pontos percentuais nas alíquotas de carros e caminhões que tenham menos de 65% de componentes nacionais. Antes, o IPI sobre os importados variava de 7% a 25% e, com a medida, passou para 37% a 55%.


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