São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011

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Commodities

Petrobras recuou de acordo, acusa Chávez

Presidente da Venezuela afirma que "setores" da empresa são contra parceria para refinaria em Pernambuco

Líder venezuelano exime Dilma de responsabilidade e centra críticas em parte da estatal brasileira

FLAVIA MARREIRO
DE CARACAS
LEILA COIMBRA
DO RIO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse ontem estar "convencido" de que "setores ou atores" da Petrobras são contrários a fechar a parceria com a PDVSA para construir a refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, um projeto de R$ 26 bilhões que ele classificou de "ovelha negra" das relações bilaterais.
Chávez acusou a estatal brasileira de "sacar cartas da manga de repetente" e de haver recuado de um suposto acordo fechado com a PDVSA para oficializar a sociedade na refinaria.
Em telefonema no dia 9, o venezuelano relatou à presidente Dilma Rousseff "o desfecho positivo" da negociação que se arrasta desde 2008 -a Presidência brasileira comemorou em nota, citando o próprio Chávez.
Dias depois, porém, a Petrobras disse que a negociação ainda estava em curso. "Para mim, é inexplicável", disse Chávez, em entrevista coletiva transmitida pela TV.

'CARTAS NA MANGA'
"Na Petrobras há setores ou atores que não querem o acordo. Estou convencido. Quando não é uma coisa é outra ou é outra. Tiram cartas da manga. É a Petrobras, não é governo Dilma", afirmou o venezuelano.
Para participar oficialmente da refinaria, a PDVSA tem de apresentar garantias bancárias para assumir parte do empréstimo de US$ 10 bilhões contraído pela Petrobras com o BNDES.
Segundo Chávez, a petroleira venezuelana ofereceu garantias ao banco português Espírito Santo, que teriam sido aceitas, logo depois rejeitadas pela contraparte brasileira -ele não precisou se pela Petrobras ou pelo BNDES.
Ontem, o banco brasileiro afirmou que recebeu as garantias apresentadas pela PDVSA -o prazo para entregá-las, segundo um termo assinado pelas estatais, terminava hoje- e que no momento a proposta está sob avaliação.
A Petrobras, por sua vez, disse que esperaria o pronunciamento do BNDES.
"Dizem que a Venezuela não quer pagar. Se é dinheiro, temos na mão! [...] Essa não é a verdade. Por diferentes razões, que temos de respeitar, não aceitam as garantias. Que vamos fazer?", afirmou o presidente Chávez.
"Tomara que isso possa se solucionar. Mas não é possível, deixemos de lado. Há temas mais importantes", afirmou o presidente, para quem o projeto da refinaria é uma "pedra no sapato".
A Petrobras já construiu sozinha 40% do projeto, que teve acordo inicial fechado em 2005, antes da descoberta do pré-sal, em 2006. O acordo previa a utilização de petróleo venezuelano, pesado demais para se transformado em combustível com a matéria-prima brasileira, de melhor qualidade. Com isso, a sociedade passou de estratégica para negativa para a estatal brasileira.


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