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Com área nova, reservas podem mais que dobrar
Mais provável é que área de Libra tenha 7,9 bilhões de barris, equivalente à previsão máxima para Tupi
Direção da ANP deveria
divulgar dados só após o fechamento das Bolsas de Valores, afirma
ex-diretora da CVM
PEDRO SOARES
CIRILO JUNIOR
DO RIO
A ANP (Agência Nacional
do Petróleo) divulgou ontem
nova estimativa para a reserva Libra, na área da União no
pré-sal da bacia de Santos,
mais ampla e vaga que a
anunciada anteriormente: de
3,7 bilhões a 15 bilhões de
barris. Os dados já haviam
vazado para o mercado na
quinta-feira.
A estimativa inicial apontava reservas entre 7,9 bilhões e 16 bilhões de barris.
Apesar da larga margem da
previsão, a ANP informou
que o mais provável é que a
área tenha 7,9 bilhões de barris, de acordo com relatório
da certificadora Gaffney, Cline & Associates, contratada
pela agência.
Se a previsão mais otimista para a área se confirmar,
as reservas totais do país vão
mais que dobrar -hoje, são
14 bilhões de barris.
Libra está numa área ainda sem concessão e será licitada pela ANP após a definição do novo marco regulatório para o pré-sal, que ainda
tramita no Congresso e deve
instituir o regime de partilha
da produção.
Para Rafael Schechtman,
da consultoria CBIE, "anunciar uma previsão com uma
faixa desse tamanho é mostrar que não há informação
suficiente para determinar as
reservas." "É uma imprecisão muito grande. A ANP tinha de realizar mais testes."
O especialista diz que a
"pressa decorre do período
eleitoral". Cita o exemplo do
campo de Tupi, da Petrobras,
para o qual a estimativa preliminar aponta para reservas
de 5 bilhões a 8 bilhões de
barris. "Esse intervalo é aceitável", afirmou Schechtman.
Procurada sobre eventual
uso político da estimativa, a
ANP respondeu, por meio de
sua assessoria de imprensa,
apenas que "divulga as suas
descobertas e as dos concessionários no menor prazo
possível a fim de manter a sociedade informada sobre as
atividades de exploração e
produção no país".
PETROBRAS
O campo de Libra está sendo perfurado pela Petrobras,
contratada pela ANP para
realizar o serviço de exploração da área. Não houve processo de licitação. Se o projeto do novo marco legal passar no Congresso -como tudo indica-, a estatal terá
obrigatoriamente participação de 30% em todos os campos não licitados do pré-sal.
Por isso, o anúncio feito
pela ANP tem potencial de
influenciar decisões do mercado financeiro.
Segundo Norma Parente,
ex-diretora da CVM (Comissão de Valores Mobiliários),
como a ANP não é companhia aberta, não está sujeita
ao órgão . Porém, ela diz que,
como dirigente de agência reguladora e ciente do potencial de influenciar a Bolsa,
Haroldo Lima (diretor da
ANP) deveria "tomar o cuidado de divulgar os fatos com o
mercado fechado".
Parente diz ainda que a Petrobras deveria divulgar fato
relevante, pois há a perspectiva da companhia se beneficiar da exploração das reservas de Libra. Tanto a antecipação do comunicado das reservas de Libra como as novas estimativas foram divulgadas pela ANP durante o
funcionamento do pregão da
Bolsa de São Paulo.
A Petrobras informou que
não comentará o assunto.
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