São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2010

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Com área nova, reservas podem mais que dobrar

Mais provável é que área de Libra tenha 7,9 bilhões de barris, equivalente à previsão máxima para Tupi

Direção da ANP deveria divulgar dados só após o fechamento das Bolsas de Valores, afirma ex-diretora da CVM

PEDRO SOARES
CIRILO JUNIOR
DO RIO

A ANP (Agência Nacional do Petróleo) divulgou ontem nova estimativa para a reserva Libra, na área da União no pré-sal da bacia de Santos, mais ampla e vaga que a anunciada anteriormente: de 3,7 bilhões a 15 bilhões de barris. Os dados já haviam vazado para o mercado na quinta-feira.
A estimativa inicial apontava reservas entre 7,9 bilhões e 16 bilhões de barris. Apesar da larga margem da previsão, a ANP informou que o mais provável é que a área tenha 7,9 bilhões de barris, de acordo com relatório da certificadora Gaffney, Cline & Associates, contratada pela agência.
Se a previsão mais otimista para a área se confirmar, as reservas totais do país vão mais que dobrar -hoje, são 14 bilhões de barris.
Libra está numa área ainda sem concessão e será licitada pela ANP após a definição do novo marco regulatório para o pré-sal, que ainda tramita no Congresso e deve instituir o regime de partilha da produção.
Para Rafael Schechtman, da consultoria CBIE, "anunciar uma previsão com uma faixa desse tamanho é mostrar que não há informação suficiente para determinar as reservas." "É uma imprecisão muito grande. A ANP tinha de realizar mais testes."
O especialista diz que a "pressa decorre do período eleitoral". Cita o exemplo do campo de Tupi, da Petrobras, para o qual a estimativa preliminar aponta para reservas de 5 bilhões a 8 bilhões de barris. "Esse intervalo é aceitável", afirmou Schechtman.
Procurada sobre eventual uso político da estimativa, a ANP respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, apenas que "divulga as suas descobertas e as dos concessionários no menor prazo possível a fim de manter a sociedade informada sobre as atividades de exploração e produção no país".

PETROBRAS
O campo de Libra está sendo perfurado pela Petrobras, contratada pela ANP para realizar o serviço de exploração da área. Não houve processo de licitação. Se o projeto do novo marco legal passar no Congresso -como tudo indica-, a estatal terá obrigatoriamente participação de 30% em todos os campos não licitados do pré-sal.
Por isso, o anúncio feito pela ANP tem potencial de influenciar decisões do mercado financeiro.
Segundo Norma Parente, ex-diretora da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), como a ANP não é companhia aberta, não está sujeita ao órgão . Porém, ela diz que, como dirigente de agência reguladora e ciente do potencial de influenciar a Bolsa, Haroldo Lima (diretor da ANP) deveria "tomar o cuidado de divulgar os fatos com o mercado fechado".
Parente diz ainda que a Petrobras deveria divulgar fato relevante, pois há a perspectiva da companhia se beneficiar da exploração das reservas de Libra. Tanto a antecipação do comunicado das reservas de Libra como as novas estimativas foram divulgadas pela ANP durante o funcionamento do pregão da Bolsa de São Paulo.
A Petrobras informou que não comentará o assunto.


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