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Brasileiro não acha crime baixar música
Metade de entrevistados em pesquisa afirma não ser ilegal download de filmes e arquivos de áudio sem pagar
Levantamento da
TNS Research mostra que 73% comprariam músicas on-line caso preço fosse mais baixo
CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO
Apontados pelas gravadoras e estúdios como as principais fontes de prejuízo para a
indústria audiovisual, os
downloads gratuitos são sinônimo de economia para
muitos brasileiros.
Segundo pesquisa da TNS
Research com 601 pessoas
-encomendada pela Nokia-, 56% dos entrevistados
são totalmente a favor de baixar arquivos de música e vídeo pela internet.
Ao mesmo tempo, 50%
dos pesquisados não consideram criminosa a troca on-line de arquivos, enquanto
73% afirmam questões financeiras para a prática.
Segundo a amostra, se os
preços dos arquivos fossem
mais baixos, haveria motivação para comprar.
"O desafio é encontrar um
modelo viável que consiga
concorrer especialmente
com os serviços grátis e ilegais", diz Eduardo Rajo, da
ABPD (Associação Brasileira
de Produtores de Discos).
Estima-se que os down-
loads ilegais ultrapassem 3
milhões de faixas no Brasil.
Modelos baseados em publicidade, em que o usuário
poderia baixar a faixa grátis
após ouvir propagandas, seria uma alternativa, já que os
anunciantes poderiam arcar
com os direitos autorais.
LEI FRÁGIL
As leis de direitos autorais
não têm surtido efeito, mesmo com todas as restrições.
Pelo texto, é crime transferir
as faixas de um CD original
para um tocador de MP3 sem
notificar o autor.
"Temos uma lei ruim ao
mesmo tempo em que há
uma tecnologia habilitadora", diz Carlos Affonso de
Souza, da FGV-Rio.
A fragilidade da lei é evidenciada pelos números:
92% dos que identificam crime nos downloads ilegais
não o denunciariam.
"Se, perante a lei, boa parte do que se faz é ilícita, o crime fica banalizado", diz Luiz
Henrique Souza, do escritório PPP Advogados.
A questão cultural também é apontada. "Não se reconhece o valor do criador
intelectual e das empresas
produtoras de cultura", afirma Ivana Crivelli, presidente
da Associação Paulista de
Propriedade Intelectual.
MÚSICA NO CELULAR
Ouvir música pelo celular
é a segunda atividade mais
frequente de quem possui o
aparelho móvel -citada por
77% da amostra-, atrás apenas da câmera fotográfica.
"O papel dos fabricantes é
desenvolver um ecossistema, a partir da negociação
com as gravadoras, por
exemplo, em que ele possa
ter acesso legal às músicas",
diz Daniela Roma, gerente de
inteligência da Nokia.
Segundo a ABPD, músicas
baixadas pelo celular somaram R$ 18 milhões das vendas de músicas digitais em
2009, de R$ 42,7 milhões.
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