São Paulo, quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

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Inflação pelo IGP-M neste ano é a maior desde 2004

Índice que reajusta aluguel fecha 2010 em 11,32%; commodities foram "vilãs"

Segundo analistas, dificilmente os fatores que fizeram o índice disparar neste ano vão se repetir em 2011

EPAMINONDAS NETO
DE SÃO PAULO

A inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) apontou aumento de 11,32% nos preços domésticos neste ano.
Nos últimos 16 anos (desde o lançamento do real), foi uma das piores taxas anuais de inflação, somente perdendo para 2004 (12,4%) e para 1995 (15,2%).
A boa notícia, ainda conforme os analistas, é que dificilmente a confluência de fatores que fez esse índice disparar neste ano deve se repetir em 2011.
Não por acaso, as projeções do setor financeiro, sempre sujeitas a mudanças, apontam variação do IGP bem mais normal no ano que vem: entre 5,5% e 6,5%.
Na verdade, o desempenho recente desse índice sugere que a velocidade dos reajustes já começou a desacelerar.
Depois do "susto" de novembro, quando teve salto de 1,45%, a alta neste mês foi de 0,69%. Muitos esperavam taxa mais próxima de 0,8%.
Os principais "vilões" deste ano, que mostraram já um certo arrefecimento, foram as chamadas "commodities" (matérias-primas), que afetaram tanto os preços dos produtos alimentícios como dos industriais (por causa do minério de ferro).
O clima adverso afetou as lavouras e as expectativas de preços, fazendo algumas commodities agrícolas subirem mais de 20% neste ano, enquanto o minério de ferro disparou, entre outros fatores, pela demanda chinesa.
"Ainda acho que os preços das commodities devem continuar a subir acima da inflação no ano que vem, mas é muito pouco provável que no mesmo ritmo deste ano", diz Elson Teles, economista-chefe do banco Máxima.
Flávio Combat, economista da corretora Concórdia, chama a atenção para o fato de que o consumo, aquecido pela alta da renda e pelo baixo desemprego, também afetou a inflação deste ano. "O consumo alto é um fator estrutural, que deve permanecer no ano que vem."

ALUGUEL
O uso mais conhecido do IGP-M é justamente para a renegociação dos contratos de aluguel. Em outros anos, quando a taxa de câmbio subiu muito rápido, o mercado se adaptou: houve casos em que locadores chegaram a trocar o IGP pelo IPC da Fipe, ou abdicaram de reajustar pelo valor "cheio" do índice.
É muito pouco provável que esse fenômeno se repita em 2011, apesar da variação excepcional do índice. Desta vez, a lei da oferta e da procura não deve favorecer os locatários: o mercado está aquecido, e o valor dos aluguéis subiu mais de 10% neste ano.
"Vai valer mais a pena para o morador aceitar o reajuste do que procurar outro imóvel para alugar. A menos que ele ache alguma "galinha-morta", ou que um amigo faça um favor, ele vai pagar um aluguel muito alto", diz Hubert Gebara, vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Secovi (sindicato das imobiliárias).


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