São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2010

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Evolução é mais comum do que extinção no mundo da mídia

Formatos costumam se adaptar aos novos rivais, em vez de perecerem, como ocorreu com o rádio

Empresas tradicionais têm que se adaptar à tecnologia e ao modo como ela mudou o hábito de consumo de mídia

DO "NEW YORK TIMES"

A vida no terrário da mídia e comunicações ao que parece está se tornando cada vez mais perigosa. As previsões de extinção se acumulam.
Telefonemas, e-mails, blogs e o Facebook, segundo previsões recentes dos profetas digitais, estão a caminho acelerado do fim. Há duas semanas, a revista "Wired" disse que "a web morreu".
No entanto, na ecologia da mídia, a evolução sempre foi a regra primordial, e não a extinção. Novos predadores de mídia ascendem, mas as demais espécies se adaptam, em lugar de perecerem.
Essa é a mensagem tanto da história quanto de importantes teóricos da mídia, como Marshall McLuhan.
A TV, por exemplo, era vista como ameaça ao rádio e ao cinema, mas essas mídias evoluíram e sobreviveram.
Ainda assim, caso o padrão evolutivo se tenha mantido intacto, devem existir diferenças fundamentais na ecologia da mídia atual, afirmam especialistas.
Se eliminarmos a hipérbole que caracteriza as manchetes quanto à morte dessa ou daquela mídia, dizem os especialistas, o que resta são essencialmente comentários sobre o impacto da mudança e das inovações acumuladas sobre o ambiente de mídia e comunicação da era da web.
Um dos resultados foi a proliferação de formas digitais de mídia e padrões mutáveis de consumo de mídia.
Surgem, por exemplo, redes sociais -como Twitter, Facebook e Foursquare- que são híbridas de comunicação, distribuição de mídia e autoexpressão irrestrita.

ADAPTAÇÃO
O próximo passo é a adaptação. Os jovens das universidades não usam mais relógio (o celular ocupa a função) e raramente utilizam e-mail.
Eles preferem se comunicar por meio de redes sociais, mensagens instantâneas ou mensagens de texto.
A difusão mais ampla de aparelhos móveis de mídia, como smartphones e tablets, conduziu a aplicativos de software especializados que tornam a leitura de texto ou o uso de vídeo mais fácil em telas menores que nos PCs.
Por isso, as pessoas já não assistem a essa mídia formatada para aparelhos portáteis usando navegadores como Explorer ou Firefox, o que representa um dos pontos centrais no artigo da "Wired" sobre "a morte da web".
Mas livros, revistas e filmes vistos em um iPad, por exemplo, são baixados via internet. De fato, a manchete da "Wired" vinha acompanhada pelo complemento "longa vida à Internet".
A evolução da mídia causa baixas, é claro. Mas elas costumam surgir entre os meios de distribuição e armazenagem, especialmente os físicos, cujo conteúdo pode ser convertido a bits digitais.

GOSTO CULTURAL
A tecnologia de forma alguma é o único agente de mudança. Os gostos culturais têm forte influência e ocasionalmente causam viradas imprevisíveis. Os toca-discos e os discos de vinil pareciam extintos, mas terminaram ressuscitados pelos audiófilos, entre os quais DJs que criaram diferentes sons e ritmos. Hoje, as empresas tradicionais de mídia precisam enfrentar o desafio de adaptação oferecido pela internet. O desafio não está apenas na tecnologia, mas também na maneira pela qual ela alterou os hábitos pessoais de consumo de mídia. A vida multitarefas, no sentido de capacidade individual para realizar mais de uma tarefa cognitivamente trabalhosa a um só tempo, talvez seja mito, dizem os especialistas. Mas o termo, ainda assim, descreve de maneira precisa o comportamento das pessoas que assistem à televisão enquanto navegam pela internet ou respondem a mensagens de texto.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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