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Evolução é mais comum do que extinção no mundo da mídia
Formatos costumam se adaptar aos novos rivais, em vez de perecerem, como ocorreu com o rádio
Empresas tradicionais têm que se adaptar à tecnologia e ao modo como ela mudou o hábito de consumo de mídia
DO "NEW YORK TIMES"
A vida no terrário da mídia
e comunicações ao que parece está se tornando cada vez
mais perigosa. As previsões
de extinção se acumulam.
Telefonemas, e-mails,
blogs e o Facebook, segundo
previsões recentes dos profetas digitais, estão a caminho
acelerado do fim. Há duas semanas, a revista "Wired" disse que "a web morreu".
No entanto, na ecologia da
mídia, a evolução sempre foi
a regra primordial, e não a
extinção. Novos predadores
de mídia ascendem, mas as
demais espécies se adaptam,
em lugar de perecerem.
Essa é a mensagem tanto
da história quanto de importantes teóricos da mídia, como Marshall McLuhan.
A TV, por exemplo, era vista como ameaça ao rádio e ao
cinema, mas essas mídias
evoluíram e sobreviveram.
Ainda assim, caso o padrão evolutivo se tenha mantido intacto, devem existir diferenças fundamentais na
ecologia da mídia atual, afirmam especialistas.
Se eliminarmos a hipérbole que caracteriza as manchetes quanto à morte dessa ou
daquela mídia, dizem os especialistas, o que resta são
essencialmente comentários
sobre o impacto da mudança
e das inovações acumuladas
sobre o ambiente de mídia e
comunicação da era da web.
Um dos resultados foi a
proliferação de formas digitais de mídia e padrões mutáveis de consumo de mídia.
Surgem, por exemplo, redes sociais -como Twitter,
Facebook e Foursquare-
que são híbridas de comunicação, distribuição de mídia
e autoexpressão irrestrita.
ADAPTAÇÃO
O próximo passo é a adaptação. Os jovens das universidades não usam mais relógio (o celular ocupa a função)
e raramente utilizam e-mail.
Eles preferem se comunicar por meio de redes sociais,
mensagens instantâneas ou
mensagens de texto.
A difusão mais ampla de
aparelhos móveis de mídia,
como smartphones e tablets,
conduziu a aplicativos de
software especializados que
tornam a leitura de texto ou o
uso de vídeo mais fácil em telas menores que nos PCs.
Por isso, as pessoas já não
assistem a essa mídia formatada para aparelhos portáteis
usando navegadores como
Explorer ou Firefox, o que representa um dos pontos centrais no artigo da "Wired" sobre "a morte da web".
Mas livros, revistas e filmes vistos em um iPad, por
exemplo, são baixados via
internet. De fato, a manchete
da "Wired" vinha acompanhada pelo complemento
"longa vida à Internet".
A evolução da mídia causa
baixas, é claro. Mas elas costumam surgir entre os meios
de distribuição e armazenagem, especialmente os físicos, cujo conteúdo pode ser
convertido a bits digitais.
GOSTO CULTURAL
A tecnologia de forma alguma é o único agente de
mudança. Os gostos culturais têm forte influência e
ocasionalmente causam viradas imprevisíveis.
Os toca-discos e os discos
de vinil pareciam extintos,
mas terminaram ressuscitados pelos audiófilos, entre os
quais DJs que criaram diferentes sons e ritmos.
Hoje, as empresas tradicionais de mídia precisam
enfrentar o desafio de adaptação oferecido pela internet.
O desafio não está apenas
na tecnologia, mas também
na maneira pela qual ela alterou os hábitos pessoais de
consumo de mídia.
A vida multitarefas, no
sentido de capacidade individual para realizar mais de
uma tarefa cognitivamente
trabalhosa a um só tempo,
talvez seja mito, dizem os especialistas. Mas o termo, ainda assim, descreve de maneira precisa o comportamento
das pessoas que assistem à
televisão enquanto navegam
pela internet ou respondem a
mensagens de texto.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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