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Construtoras fabricam "casas a jato"
Com pré-fabricados e estruturas metálicas, casas populares podem ficar prontas em até 20 dias, com entrega de chaves
Mercado visa assegurar rentabilidade com obras para baixa renda no programa federal Minha Casa, Minha Vida
JANAINA LAGE
DO RIO
De olho no mercado de habitação popular, as construtoras estão aumentando os
investimentos em industrialização para reduzir o cronograma de obras.
Com a adoção de pré-fabricados, paredes e lajes de concreto e estruturas metálicas,
casas populares podem ficar
prontas, com entrega de chaves, em 20 dias.
A construção industrializada ganhou fôlego no setor
habitacional com o programa federal Minha Casa, Minha Vida. A meta do governo
é chegar a 1 milhão de casas
neste ano. Até o dia 15 de outubro, ele registrava contratações de 732 mil moradias,
de acordo com dados do Ministério das Cidades.
Na prática, a construção
industrializada permite que,
enquanto se faz na obra a
preparação do terreno, na fábrica sejam preparadas as
paredes de concreto com
aberturas de janelas e passagem de dutos.
"A montagem funciona
como o encaixe de peças de
Lego", explica Hélio Dourado, presidente da Premo. A
empresa criou uma unidade
separada para atender a demanda do programa. Os projetos previstos ultrapassam
os R$ 500 milhões.
Segundo Carlos Gennari,
presidente da Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), o setor deve fechar o
ano com alta de 15% a 20%.
Em 2009, ele movimentou
cerca de R$ 4,5 bilhões.
Para Elaine Vazquez, professora da Escola Politécnica
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a industrialização se tornou obrigatória para que as construtoras evitem prejuízos em
projetos para a baixa renda.
"Sem isso, a conta não fecha", resume Vazquez. "Na
prática, a economia aparece
quando a construtora coloca
lavatório, e não uma bancada, pia sem sustentação ou
porta sem soleira."
A industrialização é também uma estratégia para lidar com a escassez de mão de
obra. Carlos Borges, diretor
de operações da Gafisa, afirma que, com um programa
de paredes de concreto e uso
de formas metálicas, o número de funcionários cai entre
40% e 50%.
O número menor de empregados compensa também
parte do efeito de aumento
de salários. De acordo com o
mercado e a experiência, a
remuneração de um mestre
de obras pode ficar de
R$ 5.000 a R$ 9.000.
MAIS 2 MILHÕES
Na segunda fase do programa, o governo quer elevar
a meta para 2 milhões de casas. O consenso entre construtoras é que o preço dos
contratos precisa ser revisto.
"O fato de o governo ter definido um teto não exime prefeituras e Estados de realizar
aportes e contrapartidas",
disse Roberto Senna, diretor-superintendente da construtora Direcional.
Na semana passada, ela
assinou contrato para construir 3.400 apartamentos no
condomínio Bairro Novo, na
zona norte do Rio de Janeiro.
Segundo Senna, sem o suporte da prefeitura, que entrou com terreno e R$ 50 milhões, a obra não seria viável.
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