São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2010

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Construtoras fabricam "casas a jato"

Com pré-fabricados e estruturas metálicas, casas populares podem ficar prontas em até 20 dias, com entrega de chaves

Mercado visa assegurar rentabilidade com obras para baixa renda no programa federal Minha Casa, Minha Vida

JANAINA LAGE
DO RIO

De olho no mercado de habitação popular, as construtoras estão aumentando os investimentos em industrialização para reduzir o cronograma de obras.
Com a adoção de pré-fabricados, paredes e lajes de concreto e estruturas metálicas, casas populares podem ficar prontas, com entrega de chaves, em 20 dias.
A construção industrializada ganhou fôlego no setor habitacional com o programa federal Minha Casa, Minha Vida. A meta do governo é chegar a 1 milhão de casas neste ano. Até o dia 15 de outubro, ele registrava contratações de 732 mil moradias, de acordo com dados do Ministério das Cidades.
Na prática, a construção industrializada permite que, enquanto se faz na obra a preparação do terreno, na fábrica sejam preparadas as paredes de concreto com aberturas de janelas e passagem de dutos.
"A montagem funciona como o encaixe de peças de Lego", explica Hélio Dourado, presidente da Premo. A empresa criou uma unidade separada para atender a demanda do programa. Os projetos previstos ultrapassam os R$ 500 milhões.
Segundo Carlos Gennari, presidente da Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), o setor deve fechar o ano com alta de 15% a 20%. Em 2009, ele movimentou cerca de R$ 4,5 bilhões.
Para Elaine Vazquez, professora da Escola Politécnica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a industrialização se tornou obrigatória para que as construtoras evitem prejuízos em projetos para a baixa renda.
"Sem isso, a conta não fecha", resume Vazquez. "Na prática, a economia aparece quando a construtora coloca lavatório, e não uma bancada, pia sem sustentação ou porta sem soleira."
A industrialização é também uma estratégia para lidar com a escassez de mão de obra. Carlos Borges, diretor de operações da Gafisa, afirma que, com um programa de paredes de concreto e uso de formas metálicas, o número de funcionários cai entre 40% e 50%.
O número menor de empregados compensa também parte do efeito de aumento de salários. De acordo com o mercado e a experiência, a remuneração de um mestre de obras pode ficar de R$ 5.000 a R$ 9.000.

MAIS 2 MILHÕES
Na segunda fase do programa, o governo quer elevar a meta para 2 milhões de casas. O consenso entre construtoras é que o preço dos contratos precisa ser revisto.
"O fato de o governo ter definido um teto não exime prefeituras e Estados de realizar aportes e contrapartidas", disse Roberto Senna, diretor-superintendente da construtora Direcional.
Na semana passada, ela assinou contrato para construir 3.400 apartamentos no condomínio Bairro Novo, na zona norte do Rio de Janeiro.
Segundo Senna, sem o suporte da prefeitura, que entrou com terreno e R$ 50 milhões, a obra não seria viável.


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