São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2010

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Magnata do luxo francês força entrada na Hermès

Dono da Louis Vuitton surpreende ao anunciar fatia de 17,1% na marca

Bernard Arnault diz não planejar oferta hostil para assumir controle, mas herdeiros do grupo não estão contentes

DO "FINANCIAL TIMES"

Bernard Arnault tem um credo simples nos negócios.
Alguns anos atrás, ele o resumiu em um livro, "A Paixão Criativa", concebido para demonstrar que ele não era apenas um operador oportunista, mas também um inovador que havia criado uma nova espécie de império empresarial: o conglomerado definitivo de marcas de luxo conhecido por LVMH (grupo Louis Vuitton).
"A regra básica é estar lá no momento certo, no lugar certo, aproveitar a oportunidade promissora em um ambiente que garanta crescimento suficiente em longo prazo", escreveu.
O empresário, que agora se tornou conhecido como o rei da selva no setor dos produtos de luxo, surpreendeu a todos, especialmente às famílias que controlam a Hermès, ao anunciar, na semana retrasada, que havia acumulado participação acionária de 17,1% na venerável companhia de produtos de luxo fundada em 1837.
A família Hermès claramente não está muito contente em ver Arnault forçando entrada em sua empresa, a despeito de ele ter alegado que não planeja uma tentativa hostil de tomada de controle e que não deseja indicar conselheiros.
Sob as circunstâncias, por que Arnault decidiu não realizar os consideráveis ganhos de capital obtidos com suas ações e opções da Hermès, em lugar de optar por mantê-las como investimento estratégico de longo prazo?
Há algumas explicações óbvias, e outras, nem tanto.
A mais óbvia é que Arnault estava agindo de forma defensiva. Há alguns anos, um grupo de bancos franceses vem acumulando blocos de ações da Hermès.
Como resultado, sempre existe o risco de que um concorrente venha a estabelecer posição nessa importante marca de bens de luxo.
É evidente que Arnault não poderia permitir que isso acontecesse, especialmente porque vem declarando há muito seu interesse em acrescentar mais uma das grandes marcas de bens de luxo à sua coleção. Além da Hermès, não restam muitas outras.

PASSADO
Mas esta não é a primeira vez que a Hermès e a LVMH -ou ao menos a Moët-Hennessy, como era conhecida antes da fusão com a Louis Vuitton, em 1985- flertam com a ideia de uma fusão.
Houve rumores nos anos 1980, quando Alain Chevalier dirigia o grupo. Ele de fato adquiriu participação de 15% na Hermès, algo que Arnault descobriu ao assumir o controle da LVMH, em 1990.
Três anos mais tarde, Jean-Louis Dumas, então presidente do conselho e patriarca da família Hermès, e seus assessores bancários pediram que Arnault lhes vendesse de volta as ações que controlava. Queriam abrir o capital da Hermès, o que acabou ocorrendo após Arnault vender os 15% de ações que detinha.

GRANDE DEMAIS
Hoje, a Hermès está se tornando grande demais, com número excessivo de herdeiros que receberam ações.
Portanto, o momento não poderia ser melhor para a entrada de Arnault.
De qualquer forma, ele não está com pressa. Está pronto a adquirir mais ações e a cooperar com a Hermès.
Afinal, depois de um dia ter controlado 15% da empresa, ele provavelmente considera legítimo deter os 17,1% hoje.
E, apesar da imagem de tubarão empresarial, tem um bom histórico no que tange a criar valor para os acionistas.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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