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Magnata do luxo francês força entrada na Hermès
Dono da Louis Vuitton surpreende ao anunciar fatia de 17,1% na marca
Bernard Arnault diz não planejar oferta hostil para assumir controle, mas herdeiros do grupo não estão contentes
DO "FINANCIAL TIMES"
Bernard Arnault tem um credo simples nos negócios.
Alguns anos atrás, ele o resumiu em um livro, "A Paixão Criativa", concebido para demonstrar que ele não
era apenas um operador
oportunista, mas também
um inovador que havia criado uma nova espécie de império empresarial: o conglomerado definitivo de marcas
de luxo conhecido por LVMH (grupo Louis Vuitton).
"A regra básica é estar lá
no momento certo, no lugar
certo, aproveitar a oportunidade promissora em um ambiente que garanta crescimento suficiente em longo
prazo", escreveu.
O empresário, que agora
se tornou conhecido como o
rei da selva no setor dos produtos de luxo, surpreendeu a
todos, especialmente às famílias que controlam a Hermès, ao anunciar, na semana
retrasada, que havia acumulado participação acionária
de 17,1% na venerável companhia de produtos de luxo
fundada em 1837.
A família Hermès claramente não está muito contente em ver Arnault forçando entrada em sua empresa,
a despeito de ele ter alegado
que não planeja uma tentativa hostil de tomada de controle e que não deseja indicar
conselheiros.
Sob as circunstâncias, por
que Arnault decidiu não realizar os consideráveis ganhos
de capital obtidos com suas
ações e opções da Hermès,
em lugar de optar por mantê-las como investimento estratégico de longo prazo?
Há algumas explicações óbvias, e outras, nem tanto.
A mais óbvia é que Arnault
estava agindo de forma defensiva. Há alguns anos, um
grupo de bancos franceses
vem acumulando blocos de ações da Hermès.
Como resultado, sempre
existe o risco de que um concorrente venha a estabelecer
posição nessa importante marca de bens de luxo.
É evidente que Arnault
não poderia permitir que isso
acontecesse, especialmente
porque vem declarando há
muito seu interesse em acrescentar mais uma das grandes
marcas de bens de luxo à sua
coleção. Além da Hermès,
não restam muitas outras.
PASSADO
Mas esta não é a primeira
vez que a Hermès e a LVMH
-ou ao menos a Moët-Hennessy, como era conhecida
antes da fusão com a Louis
Vuitton, em 1985- flertam com a ideia de uma fusão.
Houve rumores nos anos
1980, quando Alain Chevalier dirigia o grupo. Ele de fato adquiriu participação de
15% na Hermès, algo que Arnault descobriu ao assumir o
controle da LVMH, em 1990.
Três anos mais tarde, Jean-Louis Dumas, então presidente do conselho e patriarca
da família Hermès, e seus assessores bancários pediram
que Arnault lhes vendesse de
volta as ações que controlava. Queriam abrir o capital da
Hermès, o que acabou ocorrendo após Arnault vender
os 15% de ações que detinha.
GRANDE DEMAIS
Hoje, a Hermès está se tornando grande demais, com
número excessivo de herdeiros que receberam ações.
Portanto, o momento não poderia ser melhor para a entrada de Arnault.
De qualquer forma, ele
não está com pressa. Está
pronto a adquirir mais ações
e a cooperar com a Hermès.
Afinal, depois de um dia ter
controlado 15% da empresa,
ele provavelmente considera
legítimo deter os 17,1% hoje.
E, apesar da imagem de tubarão empresarial, tem um bom histórico no que tange a
criar valor para os acionistas.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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